Uma brasileira na estrada – de Barcelona a Amsterdam de bicicleta – Mobilize Europa
Mobilize Europa

10
dezembro
Publicado por admin no dia 10 de dezembro de 2014

via verde

Pedal pela Via Verde

No dia 18 de agosto, primavera para nós brasileiros mas outono no continente europeu, Helga Bevilacqua desembarcou em Barcelona, na Espanha, para uma viagem de um mês em bicicleta. A ideia era partir sozinha com destino à Holanda, de onde a cicloturista voltaria para casa, em São Paulo. Não por acaso, conheceu Marcelo, um cicloviajante salvadorenho que iria acompanhá-la por boa parte dessa aventura, embora ela ainda não soubesse. Viajar de bicicleta tem dessas coisas, surpresas que não estão no script, quando o que foi planejado fica para trás e o turista se deixa levar no ritmo do pedal.

 

Neste post vou relatar um pouco do que ela me contou sobre esta incrível viagem, e aproveito para apresentar as novidades sobre este blog. A partir de 2015 o Mobilize Europa não será escrito unicamente por mim, mas será mantido de forma colaborativa, abrindo espaço para que todos que tiverem boas histórias de mobilidade no velho continente possam compartilhar conosco. Um colaborador em especial deve postar aqui suas experiências com certa frequencia, o ciclista mineiro Guilherme Tampieri, que está morando na França e tem muito o que falar. O Gui faz parte do BH em Ciclo, colabora com o Bike É Legal, The City Fix, ANTP e vários outros projetos ligados à bike e à mobilidade. O fera veio pra somar! Agora, voltando ao território europeu…

 

Helga conta que além de todo equipamento, também levava do Brasil muitos medos e angústias, especialmente por ser mulher e viajar sozinha, que tornavam todo o conjunto mais pesado. “Ser mulher e viajar sozinha não é fácil. Muitas pessoas me abordavam e perguntavam se eu estava bem, se precisava de algo, porque mesmo na Europa esta não é uma situação comum”, revela a cicloturista. O medo que trazia do Brasil foi facilmente derrotado e mesmo quando não pedalava ao lado de ninguém, experimentou uma sensação muito melhor do que a angústia inicial, tirando um peso enorme das costas.

 

Saindo de Barcelona Helga foi pela costa do Mediterrâneo para o sul da França, passando por Girona, La Jonquera e Perpignan, já em território francês. Seguindo pelo leste do país, e utilizando quase que exclusivamente a bicicleta como meio de transporte, a brasileira seguiu em direção ao norte, passando por Narbonne, Sete, Avignon, Rhone e finalmente chegando em Macon. Dali foram alguns quilômetros até Namur, já na Bélgica, onde ficou hospedada na casa de um amigo.

 

“Até ali o Marcelo me acompanhava, mas depois passei a pedalar sozinha e percebi que minhas noções de mecânica e até de navegação eram insuficientes. Tive sorte de conhecer pessoas muito boas em meu caminho”, revela. Helga seguiria para Sint Katelijne Waver enquanto Marcelo foi para Ghent. Ainda na Bélgica, a brasileira aprendeu muito de mecânica na casa de um amigo onde ficou hospedada. “Esta parte da viagem foi libertadora, pois eu achava que era incapaz e descobri o quanto sou capaz!”.

Helga pedalando no velho continente

Helga pedalando no velho continente

 

A viagem seguiu até a Holanda, passando por Utrecht antes de chegar a Amsterdam. Foram noites dormindo em lugares abandonados ou acampando selvagem, em campings, fazendas, utilizando o sistema de warmshowers, em jardins ou nas casas de pessoas que conhecia pelo caminho. “Tinha um pouco de medo do camping selvagem porque é proibido, mas não tive problemas durante a viagem”, conta. Em média Helga pedalou de 80 a 100km por dia, já que tinha o vôo marcado para o dia 21/09, a partir de Amsterdam e muita coisa para conhecer.

 

Palavra da cicloviajante:

Aprendizado

Aprendi muito sobre mim mesma. Descobri nessa viagem que todos tem uma proporção de solidão inatingível, mas que isso não pode virar uma parede que impeça alguém de aprender com o outro;

 

Bagagem

Fazia compras no mercado, comia atum, macarrão, legumes, omelete, risoto, queijo e até manteiga. O clima ajuda e alguns produtos perecíveis não estragam tão facilmente. Levei algumas roupas de frio e outras de calor, fogareio, panelas….

 

Terreno

Pedalei por todo tipo de terreno: terra, asfalto, pedrisco, pedra, areia…o mais dificil foi quando peguei por engano uma rota de Mountain Bike, no sul da França. Ali descobri que o caminho é que nos mostra a direção, e não é a direção que mostra o caminho;

 

Pontos positivos:

Esta viagem me possibilitou lidar com os meus medos e deixar os julgamentos de lado;

 

Pontos negativos:

Uma desmistificação da Europa, não sei se é um ponto negativo. A Europa não é uma grande ciclovia, ao contrário do que muitos pensam. Nem todo mundo anda de bicicleta e em alguns lugares veículos motorizados, como vespas, podem andar nas ciclovias!

Helga Bevilacqua é autora do blog Espaços Invisíveis, onde da dicas para cicloviajantes e conta um pouco de sua experiência pessoal. Confira!



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