Palavra de Especialista

26
junho
Publicado por admin no dia 26 de junho de 2014

Sergio Krichanã Rodrigues – Consultor de Empresas, foi Assessor de Diretoria e Gerente de Coordenação de Engenharia da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos; Diretor Administrativo e Financeiro da São Paulo Transporte S/A – SPTrans; Diretor de Administração e Finanças da Cia. Docas de São Sebastião; Diretor de Gestão Corporativa da São Paulo Obras – SPObras; e Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras da Cidade de São Paulo.

 

 

Os novos abrigos da capital paulista são defendidos pelo consultor Sergio Krichanã Rodrigues, que esteve em 2013 à frente da equipe da Prefeitura que coordenou a implantação do projeto. Ele destaca as qualidades do equipamento, como a sua identidade urbana – com a cidade e o paulistano – e por ser um modelo que oferece proteção e informação, desde que mantido com regularidade

 

Toda cidade possui uma identidade urbana, consentânea com sua história, sua cultura, sua organização política, suas origens, seu povo.

 

Algumas megacidades, assim consideradas aquelas que constituem um aglomerado urbano como mais de 10 milhões de habitantes, como Nova Iorque, Londres, Paris, Tóquio e São Paulo, também são consideradas cidades globais pelo Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC), por se interligarem fortemente a outros centros de influência econômica mundial.

 

As megacidades atuais englobam mais de um décimo da população urbana mundial e, tal como todas as grandes metrópoles que antes surgiram, polarizam sobremaneira as relações comerciais supranacionais, assim como a cultura, o conhecimento adquirido, e possuem altos índices de industrialização.

 

CMTC, na década de 1940: gestão do transporte em SP

Em 1947, o censo do IBGE conferia ao Município de São Paulo uma população de 2,3 milhões de habitantes, quase o dobro do que uma década antes. Essa expansão expressiva também se dava pelo término da 2ª Grande Guerra, em 1945, que ocasionou um ciclo de prosperidade ao Brasil, que passava a receber suas retribuições e compensações econômicas por haver participado de maneira ativa e heróica no esforço mundial que reuniu os Aliados.

 

Em 1946, o Estado e o Município, em suas casas legislativas, apoiaram a constituição e participação de ambos os entes federativos em uma entidade que seria hoje equiparada a uma Sociedade de Propósitos Específicos – SPE, que passou a denominar-se Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), e que por escritura pública, lavrada em 1947, passava a ser a principal operadora e gestora do transporte público da Cidade.

 

O Estado contribuía com os ativos da antiga São Paulo Tramway e suas instalações físicas de distribuição espacial de energia pela rede aérea instalada, além de seus tróleibus, ônibus e bondes, que eram assim incorporados à frota municipal e que se somavam aos ônibus de 17 operadores privados, também acionistas da nova empresa.

 

Na época de sua constituição, a CMTC respondia por 97% do transporte coletivo da Cidade, e o adensamento da população que chegava ao Município, na esteira do surto de desenvolvimento do pós-guerra, iniciava a ocupação dos distritos mais distantes, ao Leste e ao Sul, principalmente.

 

A infraestrutura de pontos e abrigos passava a ser parte integrante do desenho urbano da Cidade e sua importância na lógica do transporte urbano não poderia deixar de ser importante. Aliás, no contexto do transporte urbano, abrigos e pontos, tanto quanto os corredores, são termos que encerram verdadeiros conceitos: de fato, corredor, por exemplo, está associado à ideia de fluidez, de agilidade; assim como o ponto e o abrigo não poderiam deixar de representar uma parada rápida, enquanto se aguarda a chegada do ônibus, ou do outro modo de transporte.

 

Se o restante da infra e da superestrutura que a Cidade disponibiliza para o deslocamento das pessoas não está comprometido, isto é, se não há interrupção na malha viária ou a sua obstrução, ou se a lógica semafórica funciona adequadamente, então – no seu conjunto – os meios e modos de transporte funcionam bem e dessa maneira contribuem para o deslocamento das pessoas e o funcionamento do sistema como um todo.

 

Ou seja, durante os últimos 65 anos, contados a partir de 1947, toda a distribuição espacial dos pontos e abrigos existentes no município foi instalada e perfaz a expressiva quantidade de 6.500 abrigos e 12.500 pontos de parada, todos georreferenciados na licitação pública que resultou na sua concessão no final de 2012 ao setor privado.

 

A partir de então, sem que a Prefeitura precise despender um centavo sequer, uma Concessionária vai substuir e manter durante 25 anos todos os abrigos e pontos de parada e acrescentar mais 1.000 abrigos e 2.500 pontos de parada ao acervo existente, o que significa gestão de um mobiliário urbano de mais de 20.000 peças distribuídas pela Cidade.

 

Mas, ao poder público, em conjunto com a concessionária desses serviços, cabe não somente a gestão, mas, também, a incorporação de novas funcionalidades a este mobiliário, incorporando outras funções dentro da lógica da cidade. Cabe também à concessionária auxiliar o poder público a veicular politicas públicas, principalmente no que respeita à existência e funcionamento do aparelho administrativo público.

 

Com tal uso, diminuímos a vulnerabilidade dos mais carentes enquanto promovemos o acesso deles à informação, irradiando pelos espaços da paisagem urbana informações e orientações preciosas que possibilitam o acesso aos bens e serviços públicos que a Cidade oferece.

 

Ao oferecer aos paulistanos, – e aos que visitam São Paulo, claro – um equipamento de qualidade, que orienta e ofereça proteção e informação, que tenha manutenção permanente e recorrente, espera-se que esse equipamento público represente e reflita a imagem que as pessoas têm de si mesmas e do lugar em que vivem; pois, há uma identidade urbana entre os munícipes e a Cidade em que vivem: é o que ocorre em qualquer parte do mundo.

 

A Cidade espelha o que o cidadão é. Ela representa os que vivem e os que trabalham aqui cotidianamente. A Cidade é uma extensão de nossos lares, é onde exercemos a convivência urbana e os nossos direitos básicos de cidadania.

 

Portanto, quanto mais uma Cidade é preservada, cuidada, mais reflete o carinho de sua população para com ela. E o paulistano adora São Paulo!

 

É verdade que às vezes se estabelece uma relação conflituosa de amor e mágoa: somos capazes de, individualmente, tomar atitudes inusitadas; mas, de resto sempre nos resta fazer coro com aqueles que dignificam a Cidade; enfim, cada um de nós é capaz de dedicar crônicas sobre a Cidade, manifestando nossos amores e angustias em relação a ela. E não só o paulistano, mas o Brasil todo, porque todo mundo vem para cá, vem aqui a negócios, vem para se divertir, estudar, trabalhar. E a paisagem urbana que se modifica com a instalação dos pontos e abrigos, assim como a volta dos relógios de rua, vai sendo aos poucos constituindo um traço urbano peculiar a São Paulo, diferenciado e condizente com uma cidade global, uma megacidade com a nossa.

 

(Veja mais: link www.spobras.sp.gov.br/mobiliariourbano)



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Olímpio Alvares Olímpio Alvares
escreve e convida especialistas em mobilidade urbana a compartilhar opiniões e comentar os assuntos em destaque no noticiário nacional e internacional. Olimpio é engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP, diretor da L'Avis Eco-Service, especialista em transporte sustentável, inspeção técnica, emissões veiculares e poluição do ar. Atuou durante 26 anos na área de controle de emissões veiculares da Cetesb, concebeu o Projeto do Transporte Sustentável do Estado de São Paulo, o Programa de Inspeção Veicular e o Programa Nacional de Controle de Ruído de Veículos. É fundador e secretário executivo da Comissão de Meio Ambiente da ANTP; diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sobratt; assistente técnico do Proam; consultor do Banco Mundial, do Banco de Desenvolvimento da América Latina, (CAF) e entre outros órgãos públicos e organizações da sociedade civil, como o Mobilize Brasil..

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