Este artigo aborda o estudo feito recentemente pelo grupo APE -Estudos em Mobilidade, que ouviu movimentos sociais e especialistas em transporte sobre o modelo "racionalista" adotado pela Prefeitura de São Paulo de remanejamento, com seccionamento e corte de linhas de ônibus em bairros da periferia da cidade.
O grupo APE, de estudantes que debatem a mobilidade urbana, reflete aqui sobre como a desigualdade social também diz respeito ao acesso e oferta do transporte público. Este é o tema deste ensaio, que questiona o plano de "racionalização" do transporte público de São Paulo, que, com vistas à estruturação de um sistema tronco-alimentador da rede, fez o seccionamento e até extinção de várias linhas de ônibus que antes iam até as "bordas" dessa rede.
O grupo ouviu pessoas afetadas pelo seccionamento das linhas, moradoras do chamado “Fundão” da estrada do M’Boi Mirim, no extremo sul da capital. E mostrou como este remanejamento forçado tem causado transtornos à população dos bairros distantes, ainda mais fragilizados com a medida. O problema do transporte, questionam os pesquisadores do APE, tem sido abordado por seguidas gestões estritamente sob a ótica da capacidade, da rotatividade e da racionalização de custos. Mas a conclusão é que o modelo, na contramão do proposto, pode trazer mais ônus do que bônus ao usuário de ônibus, ao impor um acréscimo significativo no tempo de transbordo destas pessoas.