O candidato que vencer a eleição para prefeito do Rio de Janeiro terá de lidar com uma cidade que detém as piores avaliações na área de mobilidade urbana, um dos problemas que mais afeta a vida dos seus moradores.
O Rio é a capital brasileira onde os habitantes mais perdem tempo no deslocamento de casa para o trabalho, segundo estudo da Firjan (Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro): uma média de duas horas e 14 minutos por dia.
A capital carioca também foi considerada, pelo segundo ano consecutivo, a terceira cidade mais congestionada no mundo, melhor apenas que Moscou e Istambul, de acordo com pesquisa realizada pela empresa holandesa de tecnologia de transporte TomTom.
Para enfrentar os engarrafamentos e aumentar a eficiência do transporte público, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), concorrentes ao cargo de prefeito, apresentam propostas divergentes.
As principais iniciativas a serem tomadas por Crivella, caso eleito, dizem respeito ao BRT. O candidato afirma que vai concluir e colocar em operação o corredor BRT TransBrasil até o fim de 2017. Ele também adianta que vai elaborar um estudo para levar o BRT Transcarioca para o centro da Ilha do Governador até o fim de 2020.
Proposta de Crivella é finalizar o BRT TransBrasil até o final de 2017. Foto: Marcia Foletto/Agência O Globo
Outra promessa de Crivella é o aumento de 20% da frota até o final de 2018 para reduzir a superlotação. O candidato sustenta que "exigirá" o aumento da quantidade de veículos articulados das concessionárias que operam o sistema.
"As etapas seguintes se darão em cima de estudos de viabilidade, do mapeamento de necessidades. A prefeitura não tem gerência sobre a ampliação do metrô, por exemplo, mas auxiliará o governo quando necessário", afirmou Crivella, por meio de sua assessoria.
Crivella não menciona o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em seu plano de governo. Freixo, por sua vez, não tem planos para a rede de BRT.
O candidato do PSOL promete levar o VLT para a Ilha do Governador e a região de Cascadura, ambas na zona norte do Rio. Mas as propostas dependem ainda de estudos que serão feitos caso ele seja eleito.
"Vamos realizar estudos para analisarmos a possibilidade de expandir um novo trecho do sistema no sentido da região da Leopoldina, passando pelo Fundão, chegando até a Ilha do Governador", afirmou por meio da assessoria. Em Cascadura, o VLT serviria para "promover o desenvolvimento econômico, social e urbano do subúrbio carioca".
Se eleito, Freixo pretende ampliar o VLT para a Ilha do Governador e região de Cascadura. Foto: Júlio César Guimarães/UOL
PPPs x estatização
Candidato da esquerda no processo eleitoral, Freixo pretende estatizar o sistema de transporte coletivo com a aquisição de frota própria de ônibus.
Caso seja eleito, as linhas passarão a ser operadas pela Empresa Pública de Transporte e Mobilidade, que o candidato do PSOL pretende criar. A transição, segundo o candidato, ocorrerá ao longo dos quatro anos de mandato.
"A Lei Orgânica do Município, que é a constituição da cidade, indica que a prefeitura deve criar uma Empresa Pública de Mobilidade. No meio tempo, enquanto ela não estiver em pleno funcionamento, a lei permite à prefeitura realizar contratos de concessão com empresas privadas. Mas isso deveria ser a exceção", afirma Freixo.
O primeiro passo para a criação da empresa será, de acordo com o candidato, a realização de uma auditoria nos contratos firmados após a licitação de 2010. "Iremos abrir a caixa preta das planilhas de custo para dar transparência a todo o sistema", afirma.
As propostas de Crivella vão em outra direção, uma vez que o candidato pertence ao PRB, um partido que se declara como "de direita moderada". Ele pretende manter o sistema de transporte coletivo com a iniciativa privada e promete "cobrar das empresas um serviço de qualidade e que elas se adequem ao sistema" que seu governo criará.
Convergência: bilhete único
O processo de racionalização das linhas de ônibus no Rio e mudanças no bilhete único são os pontos coincidentes nas propostas dos dois candidatos.
Para melhorar a mobilidade urbana, Freixo prometeu integrar todos os tipos de transportes ao bilhete único, "com opção de bilhete mensal, semanal e diário, com uso ilimitado, como é em várias cidades do mundo".
Ele também afirmou que vai reduzir o preço da passagem de ônibus e colocar em prática um programa experimental de linhas de tarifa zero que vão integrar regiões pobres da cidade com o centro e alimentar os transportes de alta capacidade.
Já Crivella promete ampliar de duas horas e meia para três horas o prazo de utilização do bilhete único, além de estender seu uso para o metrô até o fim de 2018.
Entre os outros pontos que os dois candidatos dizem que vão resolver está a disputa de mercado entre táxi e Uber, em que ambos defendem que seja feita por meio do diálogo.
Para ler esta reportagem na íntegra, acesse o site da UOL.
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