Multas para quem ultrapassar faixa de pedestres começam dia 8 em SP

Campanha de proteção ao pedestre ainda é limitada para os desafios que São Paulo apresenta.

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 |  Autor: Thalita Pires / Rede Brasil Atual  |  Postado em: 22 de julho de 2011

Campanha de proteção ao pedestre

Campanha de proteção ao pedestre

créditos: Prefeitura de São Paulo

A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo anunciou que a partir do dia 8 de agosto começará a aplicar multas para motoristas que não respeitarem a faixa de pedestres. A decisão faz parte do plano paulistano para aumentar a segurança dos pedestres na cidade, que vem sendo implementado desde maio.

Apesar de a regra estar presente no Código Brasileiro de Trânsito, em vigor desde 1998, infrações desse tipo foram pouco punidas no período. João Cucci Neto, professor de engenharia de tráfego do Mackenzie e também engenheiro da CET, reconhece que esse é um dos aspectos do Código que nunca foram respeitados na cidade.

 

“Existem vários comportamentos no trânsito que não são fiscalizados e esse é um deles”, afirmou. Para ele, como a fiscalização nunca foi feita, começar a multar os motoristas sem uma campanha de educação não ajudaria na proteção aos pedestres. Isso porque, além da falta de costume em respeitar a faixa, existe também um desconhecimento em relação aos detalhes da lei.

O que vai acontecer a partir de agora, depois da fase educacional, é que os fiscais de trânsito serão orientados a prestar mais atenção a essa infração. A multa prevista é de R$ 191,53, além de sete pontos na carteira.

Dúvidas

Apesar da boa intenção da prefeitura ao lançar o plano de proteção ao pedestre, está claro que sua atuação é limitada. Além de fazer campanhas em alguns cruzamentos da cidade, é fundamental educar os futuros motoristas. O exemplo de Brasília mostra que o ensino das regras de trânsito nas escolas não apenas prepara os futuros motoristas, mas cria pequenos fiscais, que têm grande influência no comportamento dos motoristas adultos. Afinal, é impossível colocar um fiscal em cada travessia.

Outra limitação é que os pedestres muitas vezes se colocam em posição de risco porque as calçadas não são apropriadas para a circulação. A qualidade do passeio público na cidade é ruim em sua maior parte, com problemas como buracos, degraus e mobiliário urbano. Dessa forma, os pedestres mais vulneráveis, como idosos e portadores de deficiências, muitas vezes precisam usar a rua para caminhar.

A área disponível para os pedestres também influencia na segurança e conforto de quem se locomove a pé. Em lugares como a Avenida Paulista, as calçadas largas e os semáforos em quase todas as esquinas tornam a caminhada uma atividade segura e agradável. Já aqueles que trabalham na Vila Olímpia, para ficar em um exemplo, têm que se equilibrar para desviar de postes e árvores em calçadas estreitas, que não deixam espaço suficiente para a caminhada.

Algumas ruas da cidade passaram por reformas que solucionaram alguns desses problemas. A Oscar Freire e a região da João Cachoeira, por exemplo, têm o que se chama de avanço do passeio: nos cruzamentos, as calçadas ganharam espaço em relação à rua. Dessa forma, o espaço para os carros cruzarem acabou diminuído de três faixas para apenas uma. “O benefício dessas intervenções é que o espaço para o pedestre aumenta, o tempo de exposição ao risco de um atropelamento diminui e o motorista tem mais visibilidade da calçada”, explica Cucci.

 

Apesar da diminuição do espaço para os carros, a obra nesses locais teve pouco impacto no trânsito, já que são áreas comerciais com carros estacionados em ambos os lados das vias. O espaço para o tráfego de veículos já era reduzido.

Colocar em prática esse tipo de medida requer, no entanto, coragem política, já que significaria tirar a prevalência dos carros no tráfego. Isso é especialmente difícil em uma cidade que tem 7 milhões de veículos registrados. Esse não é um problema de engenharia de tráfico, mas de projeto para a cidade, que, por enquanto, não dá mostras de mudança.

 


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