Os acontecimentos do último mês de junho no Brasil marcaram um novo momento no cenário latino-americano em quanto a relação entre movimento social e a legítima reivindicação por uma mobilidade de qualidade, com acesso para todos. Graças à estas manifestações, cresceu em toda América Latina a sensibilidade sobre o tema.

Fluxos e refluxos marcaram o último ano da modernização do transporte público regional. SIBRT tem acompanhado estes desenvolvimentos com particular atenção e sistematização,  e, com isso, formular propostas de melhoria e mudança.

No Brasil, uma nova lei sobre a política de mobilidade urbana ao lado de um forte investimento federal em infraestrutura de transporte e excelente iniciativas locais de priorização de corredores e melhoria substancial do serviço de ônibus foram adotadas. O financiamento e certificação de qualidade de serviço parecem ser os maiores desafios do país que segue avançando em mobilidade urbana.

Na Colômbia, impasses graves são verificados no desenvolvimento de sistemas BRT nas cidades maiores, abrindo o debate sobre a necessidade de uma política e lei de financiamento que derem origem a um transporte público de qualidade e cobertura total das cidades.

O Peru sofre com sofre com a ausência de uma Política de Estado que contribua para a modernização da mobilidade urbana, deixando isolados os esforços de conversão da frota para gás natural, os grandes investimentos em transporte ferroviário e as iniciativas locais, como a transformação do transporte de Lima que será concretada com a concessão de corredores complementares, assim como, projetos de Arequipa e Trujillo.

No Chile podemos verificar o desenvolvimento mais animador da região, começando com a renegociação de contratos de serviço e tecnologia do Transantiago, por meio da estruturação do Conselho Metropolitano de Transporte Público (DTPM), o qual integra a autoridade de gestão, como metrô e ônibus, e culminando com a atribuição de um subsídio anual para garantir a cobertura metropolitana com qualidade, tarifa que não supera a metade dos custos, e subsídio aprovado praticamente por unanimidade no Congresso Nacional.

No México o tema avança significativamente com a implementação de BRT e trem ligeiro, com apoio do Programa de Transporte Massivo (PROTRAM), e se discute a necessidade de uma lei de mobilidade que considere um fundo para apontar a reestruturação empresarial do setor e a implementação de sistemas integrados de transporte público nas principais cidades.

Na Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Equador, Panamá, Guatemala e outros países, também se nota progressos significativos na modernização e transformação do transporte massivo.

Neste contexto, o IV Congresso de Melhores Práticas SIBRT na América Latina, desde sua preparação, tem a responsabilidade de catalisar e sistematizar a experiência e conhecimento de especialistas, autoridades e fornecedores de bens e serviços de transporte público (agências públicas gestoras e setor privado) para dar sustento a Declaração de Lima.

Espera-se a participação de mais de 500 líderes e tomadores de decisão, tanto do setor público, quanto privado. Também participarão mais de 30 acadêmicos e especialistas internacionais, 50 prefeitos e alto funcionários das mais importantes cidades da região, mais de 60 representantes de operadores privados, mais de 40 marcas de fornecedores de bens, serviços e tecnologia do mais alto nível disponíveis no mercado e cobertura massiva de veículos de comunicação.

Durante os 2 dias de Congresso, serão discutidos, através de painéis  temáticos e empresariais e participação ativa dos assistentes, os diagnósticos e propostas em cada tema, que serão previamente trabalhados pelos grupos de trabalho temático, formados pelos especialistas das cidades líderes e especialistas da SIBRT, encarregados de elaborar a Declaração de Lima, base do “livro branco” sobre a mobilidade para as cidades latino-americanas.

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