Existe alguma lógica por trás dos números das linhas de ônibus?

Sim: cada município adota um sistema - mas é comum que, com o passar dos anos, ele seja desrespeitado cada vez mais

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Fonte: Super Interessante  |  Autor: Bruno Vaiano  |  Postado em: 09 de junho de 2021

Linha 107P/10 Mandaqui/Pinheiros, desativada em 20

Linha 107P/10 Mandaqui/Pinheiros, desativada em 2012

créditos: Thiago Silva/Plamurb

Curiosidade, ou melhor, um mistério que intriga todos que utilizam o transporte público nas cidades brasileiras foi desvendado nesta matéria da revista Super Interessante. Leia a reprodução do texto a seguir:   

 

A maioria dos municípios brasileiros têm alguma lógica em mente, mesmo que simples, quando numera ou renumera suas rotas de ônibus. Mas é comum que, com o passar dos anos, esses códigos percam o sentido original.

 

Vamos explicar como funciona em duas capitais, São Paulo e Belo Horizonte. O único critério para essas escolhas foi que, nos dois casos, encontramos muitas informações sobre os sistemas.

 

Em São Paulo, há dois tipos de linhas: as que têm três números e uma letra (ex. 177H) e as que têm quatro números (ex. 9500). Essa divisão nasceu nos anos 1970, quando o transporte público paulistano era organizado em nove zonas.


Os ônibus de quatro números eram os que ligavam uma zona ao centro ou ficavam dentro de uma zona só. Os de três números eram os que ligavam duas zonas –representadas pelas casas das centenas e a das unidades, os dígitos das pontas.

 

Sendo assim, o 177H liga a zona 1 (norte) à zona 7 (oeste). O dígito do meio, na casa das dezenas, podia ser “0”, se o ônibus passasse pelo centro, ou “7”, se atendesse uma estação de metrô. Podemos deduzir que a linha 177H atende o metrô.

 

Por fim, a letra servia para diferenciar a linha de outras linhas que ligam as mesmas regiões. O “H” significava “Horto Florestal”, ponto de saída original da linha. Hoje, esse itinerário parte da estação Santana do metrô. A letra perdeu o sentido.

 

(As linhas de quatro dígitos seguem outra lógica, mais complicada – não dá para explicar neste espaço.)

 

Nos anos 2000, as zonas mudaram de número e várias linhas mudaram de itinerário – então nem adianta decorar a lógica explicada acima: ela virou apenas uma curiosidade histórica. 

 

E na capital mineira?

Em Belo Horizonte, a divisão da cidade em zonas, chamadas regionais, vale desde 1998 – e não mudou, ao contrário do que ocorreu em São Paulo. Ou seja: os números preservam seus significados.

 

As linhas da capital mineira podem ter dois, três ou quatro dígitos. Nas linhas de quatro dígitos, o que interessa são os dois primeiros. Eles indicam a regional de saída e a regional de chegada da linha. Por exemplo: o ônibus 5102 (UFMG/Santo Antônio) liga a Pampulha (5) à regional Centro-Sul (1).

 

Os dois últimos dígitos, por sua vez, servem só para diferenciar a linha em questão das demais linhas que ligam as mesmas regiões entre si.

 

As linhas de três dígitos transitam por apenas uma zona – representada pelo primeiro dígito. Os outros dois, novamente, estão lá para diferenciar as linhas entre si.

 

Os particularmente nerds podem extrair informações desses últimos dois dígitos. Por exemplo: ônibus com números superior a 50 são linhas interbairros, que (obviamente) ligam dois bairros. Já os números entre 30 e 50 indicam ônibus que vão e voltam do centro.

 

Além disso, as carrocerias dos ônibus são pintadas em cinco cores, que diferenciam os serviços prestados: local, alimentador, interbairros etc.

 

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