"Aumentar a tarifa ou aumentar os subsídios" - prefeito, vamos mudar o discurso?

Thiago Silva, do site Plamurb, aponta outras saídas para o dilema de São Paulo: melhorar a eficiência do transporte, atrair e priorizar os usuários e não os operadores

Notícias
 

Fonte: Plamurb  |  Autor: Thiago Silva / Pramurb  |  Postado em: 16 de junho de 2022

Fila de ônibus em faixa exclusiva, na zona oeste d

Fila de ônibus em faixa exclusiva, na zona oeste de S.Paulo

créditos: Arquivo Mobilize Brasil 2022


O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse em entrevista ao portal G1 que por conta da greve de ônibus ocorrida nesta semana (14 de junho), e que acabou por garantir um justo reajuste aos funcionários, só há duas saídas: aumentar a tarifa ou os subsídios. Mais uma vez voltamos à estaca zero sobre ideias que poderiam ajudar a reduzir custos e a melhorar a eficiência do transporte coletivo.


O Plamurb acredita que é possível muitas outras ações. Aumentar a tarifa ou os subsídios vai apenas alimentar aquela bola de neve que todos conhecem. Manter o sistema apenas com a tarifa paga pelo passageiro ou com grandes subsídios é um erro que já deveria ter sido mitigado. Esse atual modelo é insustentável e qualquer pessoa que esteja envolvida com a mobilidade urbana, sabe disso.


Esse discurso do prefeito vai de encontro com as boas práticas de mobilidade e mostra, de certa forma, uma certa preguiça na gestão de área tão sensível e de caráter tão social. O blog já elencou algumas ações que poderiam ser tomadas.

É até cansativo, mas vamos repetir:

+ Mais faixas para ônibus;

+ Mais corredores exclusivos;

+ Preferência semafórica nos cruzamentos;

+ Menos seccionamentos (importantíssimo);

+ Bilhetes temporais vantajosos;

+ Terminais de integração em locais adequados;

+ Novas fontes de financiamento oriundas, por exemplo, pelo uso do sistema viário;

+ Menos sobreposições de linhas;

+ Assunção da operação de algumas linhas;

+ Mais linhas perimetrais, e tantas outras coisas.


Essas ações acima dependem, quase que exclusivamente da própria prefeitura. Além delas existem outras que dependeriam do envolvimento de outros atores, como o governo estadual, federal e o setor privado.


É preciso ter muita cautela com esse discurso de aumentar a tarifa ou o subsídio. Todos sabem da complexidade do sistema paulistano e que não se faz um corredor do dia para a noite, mas repetir o discurso só reforça a falta de prioridade em políticas públicas de mobilidade urbana. Há anos que dizem isso.


O transporte cada vez mais é tratado como um produto de prateleira. A preocupação maior é no bem-estar do operador, sobretudo quando se trata de serviços concessionados. O lado social, infelizmente e definitivamente, foi escanteado.


Num futuro não tão distante, não haverá muito o que fazer. Essa omissão custará muito caro. Se hoje o prefeito reclama dos R$ 4 milhões, lá na frente os futuros prefeitos terão na mão uma bomba prestes a explodir. O impacto no transporte coletivo será drástico.


A título de curiosidade, o transporte paulistano custa cerca de R$ 9 bilhões por ano. O dinheiro arrecadado com as tarifas cobre por volta de R$ 5 bilhões. A prefeitura, então, arca com R$ 4 bilhões por meio de subsídios.
Ou seja, em quatro anos, a prefeitura desembolsa uma “Linha 6-Laranja”. Alguma coisa está errada. E parece que poucos estão dispostos a se debruçar sobre isso.


[Reiteramos, portanto, o título, agora no plural]:


"Aumentar a tarifa ou aumentar os subsídios" - prefeitos, vamos mudar os discursos?


Leia o artigo original
no site Plamurb.


Leia também:
Transmilenio cria linha operada só por mulheres
Tarifa zero chega à cidade de Matinhos, no litoral do Paraná
Em Macapá, maior desafio é organizar o transporte coletivo
Melhorar o transporte público é prioridade em Porto Alegre
Mobilidade sustentável passa longe das favelas




  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário