Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baseado no Censo 2222 aponta que mais de 80% da população brasileira residente em áreas urbanas enfrenta calçadas ruins, mal projetadas, malconservadas, bloqueadas ou inexistentes. Para as pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP), Mariana Giannotti e Bruna Pizzol, desigualdades regionais agravam este cenário.
Nas periferias da cidade de São Paulo, incluindo bairros como Brasilândia (Zona Norte), Guaianases (Zona Leste) e Cidade Tiradentes (Zona Leste), as calçadas apresentam menor largura e pior conservação, justamente nos bairros onde a população mais caminha.
Existe, portanto, uma relação inversa entre a qualidade das calçadas e a demanda de uso das mesmas, apontam as pesquisadoras da USP.
Segundo os números do IBGE, 84% da população vive em vias com calçadas, mas destes, apenas 18,8% afirmam que elas são livres de obstáculos, ou seja, o pavimento da calçada não significa necessariamente garantia de acessibilidade. Pior para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, que sofrem constantemente com o impedimento das vias e lesões causadas por suas más condições.
Nota Zero
Ainda que nenhuma grande cidade brasileira seja um grande exemplo na qualidade global das calçadas, três municípios ficaram muito abaixo da média: Rio Fortuna (SC), Borebi (SP) e Porto Alegre do Norte (MT). Nestas cidades o IBGE constatou que 99% dos moradores são prejudicados por obstruções no passeio. Não é preciso ser nenhum especialista para concluir que não se trata apenas de um problema de mobilidade ou transporte, mas também de saúde pública, já que as quedas nas calçadas refletem no aumento da demanda pelo sistema de saúde.
E se fosse diferente?
O estudo da USP foi além, estabelecendo parâmetros para o que pode ser considerada uma “infraestrutura adequada para pedestres”, como a largura mínima de 2 metros, permitindo deslocamentos seguros e eficientes.
Ao colocar o pedestre em primeiro lugar, o gestor público promove ao menos dois efeitos importantes: a melhoria nas condições de mobilidade e a redução nas disparidades de microacessibilidade entre bairros, como o que acontece nas regiões mais nobres em comparação com bairros periféricos.
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