Arquitetos propõem calçadas padronizadas na cidade do Rio

Medida é importante para garantir segurança e conforto aos transeuntes, afirmam os profissionais de projeto

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Fonte: O Globo  |  Autor: Gabriel Rosa e Rodrigo Bertolucci  |  Postado em: 21 de julho de 2015

Na Siqueira Campos, o poste atrapalha a circulação

Na Siqueira Campos, em Copacabana, poste atrapalha

créditos: Bárbara Lopes/ O Globo

 

Buracos, desníveis, pedras, falta de acessibilidade... Caminhar pelas calçadas do Rio não é um programa para desatentos. O tombo é certo para quem anda distraído, observando as nuances da Cidade Maravilhosa. Acrescido a isso, uma enorme variedade de materiais é utilizada pelo caminho, o que acaba diminuindo a beleza da capital fluminense.

 

No Rio, as calçadas são de responsabilidade dos donos dos terrenos aos quais estão ligadas. Mas, a falta de um modelo estabelecido pelo poder público prejudica a sua manutenção.

 

"Minha ideia é criar uma espécie de agência reguladora para que se fiscalize e se proponha a calçada mais adequada para cada área da cidade", diz o arquiteto Alexandre Pessoa, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, e membro do IAB.

 

Professor da UFRJ defende modelo mais simplificado

A ideia do arquiteto Alexandre Pessoa é embasada nas pesquisas que fez pelo Brasil afora: ele estudou a forma de atuação das prefeituras em grandes metrópoles do mundo — Londres, Nova York, Paris, Buenos Aires e Bogotá. Com a regulação, ele espera que a manutenção e a preservação das calçadas sejam simplificadas.

 

"Nas metrópoles que estudei, as prefeituras se preocupam em padronizar para que a manutenção seja mais fácil e mais barata. Qualquer um pode ir a uma loja na esquina de casa e saber exatamente o material que deve comprar para reformar sua calçada", pontua o arquiteto.

 

Pessoa ainda se lembra do caráter essencial que as calçadas exercem no desenvolvimento da economia de uma localidade.

 

"Sem calçadas não existe cidade. É antieconômico. A ausência do fluxo de pessoas mata qualquer tipo de comércio", preocupa-se ele. "Apoiamos muito a causa do 'asfalto liso', mas não nos importamos muito com as calçadas. Nós temos carrinhos de bebês, skatistas, pessoas com deficiências. As calçadas têm que ser boas para a cidade".

 

O presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz, concorda com a posição de Pessoa e ainda acrescenta que uma infraestrutura de circulação mais bem planejada denota um grau maior de desenvolvimento.

 

"A calçada é um elemento fundamental na cidade. Quando bem elaborada, demonstra uma certa sofisticação da vida urbana", valoriza.

 

Dados do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) apontam que 3,6 milhões de pessoas se deslocam diariamente na cidade por meios não mecânicos, na sua grande maioria sobre as calçadas. No entanto, não faltam exemplos de má conservação espalhados por toda a paisagem carioca.

 

"A qualidade dos nossos passeios públicos é péssima. Um caso clássico pode ser observado no cruzamento da Rua Siqueira Campos com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Lá, as calçadas têm apenas 60 cm", aponta o presidente do IAB-RJ.

 

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