Na última semana, teve fim a terceira greve dos últimos três meses, que durou dez dias e causou caos na cidade.
Agora, vive-se o impasse para saber quem o administra e se seus operadores vão voltar a parar, uma vez que não tiveram todas suas reivindicações atendidas.
O chamado "subte", utilizado por 1 milhão de usuários, é operado desde os anos 90 por empresas concessionárias, mas é difícil precisar a quem ele pertence.
Em janeiro, a presidente Cristina Kirchner havia decidido transferi-lo da esfera do governo federal para a cidade de Buenos Aires.
Um acordo foi firmado entre ela e o prefeito Mauricio Macri. Porém, ambos se desentenderam quanto à transferência dos recursos que o mantêm. Cristina recusou-se a repassar os subsídios que o sistema recebia, e Macri disse que, sem eles, não aceitaria o encargo.
Uma terrível tragédia no sistema ferroviário, em março, com 51 mortes, terminou de convencer o prefeito.
Temeroso de que o mesmo pudesse ocorrer com o metrô, tentou devolvê-lo ao poder federal, que não o aceitou.
O impasse estava armado, quando o sindicato dos operadores reivindicou aumento de 28%. Nem Cristina nem Macri quiseram negociar e o serviço foi interrompido.
O prefeito acusou a presidente de estar manipulando os grêmios para que atuem para dinamitar sua imagem.
Macri também denunciou que a Polícia Federal havia sido retirada da vigilância das estações por razões políticas.
Na noite de segunda-feira, o sindicato aceitou uma proposta dos representantes de Macri de um aumento de 23%. O serviço se normalizou. Para Lucio Castro, especialista em transportes, a solução a que se chegou é "instável".
"Sem resolver a questão de fundo, que é quem controla o metrô, ficam no ar os temas dos subsídios, da manutenção, da estabilidade dos trabalhadores, dos salários. Pode haver nova paralisação a qualquer momento."
SUBSÍDIOS
Desde a gestão Néstor Kirchner (2003-2007), os transportes públicos recebem subsídios do Estado. Foi a forma encontrada para que o impacto da inflação herdada da crise de 2001 não fosse sentida pela população. No caso do metrô, 30% é pago pelos bilhetes, e 70% é subsidiado.
"Sem os subsídios, o metrô deveria custar 5,50 pesos, o ônibus, 7, e o trem, 15. Nenhum governante quer pagar o custo político desses aumentos", afirma a economista Marina Dal Poggetto.
Críticos do sistema dizem que, por a passagem ser muito barata, não se investe em melhorias e manutenção, e os acidentes acontecem.
Macri diz que Cristina está em campanha para fazê-lo desistir de ser presidente em 2015. "Isso não vai acontecer", afirmou. E acrescentou que a população deve deixar de andar de metrô se a situação continuar assim, para evitar novos acidentes.
Por sua vez, os kirchneristas dizem que Macri é negligente e que não cumpre com o que foi acordado.
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