Pé de Igualdade

21
July
Publicado por admin no dia 21 de July de 2015

 

A grande imprensa têm publicado sistematicamente várias matérias questionando algums medidas impopulares entre os “carrodependentes” adotadas pela prefeitura de São Paulo: o resgate dos espaços públicos, anteriormente dedicados exclusivamente aos veículos individuais motorizados que passaram a beneficiar um número maior de pessoas. Cito alguns exemplos: faixas exclusivas de ônibus; ciclovias; parklets e a ocupação de espaços públicos emblemáticos para lazer aos sábados e domingos, destacando a Av. Paulista e o Elevado Costa e Silva.

Com receio de “sair do armário” e assumir o vício e posição política, carrocratas arrumam subterfúgios pseudotécnicos para questionar a validade destas ações, chegando a apontá-las como responsáveis pela ocorrência de aspectos nocivos que também fazem parte da realidade paulistana como, por exemplo, o aumento do número de atropelamentos no ano de 2014.

Outro programa que também irritou sobremaneira esta parcela da sociedade que não consegue ver o mundo pra fora de seus vidros filmados foi a mais coerente ação para interromper a escalada de mortes no trânsito: redução das velocidades máximas regulamentadas para as vias onde mais ocorreram atropelamentos. A medida gerou nova polêmica, protestos e opiniões “abalizadas” de especialistas no assunto. Ora, até as pedras sobre as quais pisam os engenheiros de tráfego sabem que manuais de segurança de tráfego, usados como referência no assunto, apontam como medida prioritária a redução da velocidade para se conseguir a redução do número de atropelamentos. Não dá para entender o motivo de tanta resistência quando isso é colocado em prática.

A “Curva de Ashton” data de 1992 e até hoje é utilizada mundialmente pelos departamentos de trânsito, profissionais e estudiosos do assunto. Trata-se de um gráfico amplamente conhecido e que relaciona a velocidade veicular à ocorrência de óbito:

 

curva

 

Mesmo cientes da relação Velocidade X Óbitos, continua a prelavecer na grande mídia e em parte do meio técnico uma perigosa miopia leviana que desvia uma avaliação rigorosa sobre o assunto minimizando a importância da preservar de vidas a uma mera questão política.

Mas nem tudo está perdido, os principais interessados, os usuários das vias, já descobriram os benefícios que estas polêmicas medidas tem causado no seu cotidiano e desfrutam deles com cada vez mais confiança. Eu mesma, como usuária frequente de ônibus ouvi com satisfação uma conversa entre motorista e cobrador: “tem motorista que corre porque diz que cumpre ordem de fiscal, mas eu não, eu não corro, não to nem aí pro fiscal, eu penso é nos passageiros, afinal eu levo gente, não levo areia e nem tijolo”…



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Pe-de-igualdade Meli Malatesta (Maria Ermelina Brosch Malatesta), arquiteta e urbanista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e com mestrado e doutorado pela FAU USP. Com 35 anos de serviços prestados à CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, sua atividade profissional foi totalmente dedicada à mobilidade não motorizada, a pé e de bicicleta. Atualmente, ministra palestras e cursos de especialização em Mobilidade Não Motorizada além de atuar como consultora em políticas, planos e projetos voltados a pedestres e ciclistas.
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