IPCC divulga o relatório do fim do mundo

Relatório confirma as previsões e explica porque vemos secas no Sudeste do Brasil, incêndios na Grécia e na Sibéria, inundações na Alemanha e calor de 50 graus no Canadá

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Fonte: Observatório do Clima/Ipcc/Proam  |  Autor: Observatório do Clima/Mobilize Brasil  |  Postado em: 09 de agosto de 2021

Levando-nos ao fim, diz a contrapropaganda em Lond

Levando-nos ao fim, diz a contrapropaganda em Londres

créditos: Projeto Brandalism (http://brandalism.ch)


Um mês atrás, exatamente no dia 9 de julho, publicamos uma entrevista com o ambientalista Carlos Bocuhy que já apontava o que sairia do novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC): a temperatura do planeta Terra sofrerá um aumento de 1,5º C em 30 anos, ou seja, meio século antes da meta perseguida pelos programas para a redução das mudanças climáticas. Hoje, 9 de agosto, o IPCC liberou o relatório, que traz dados alarmantes, comentados em um texto do Observatório do Clima.


Primeiro, a conclusão de que os seres humanos causaram a quase totalidade do aquecimento global observado no último século. Segundo, que dos cinco cenários de emissão avaliados apenas um nos dá alguma chance de manter viva a meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento em 1,5º C — e, mesmo assim, ele envolve amargar algumas décadas de temperaturas acima do limite a partir dos anos 2030.


Esses dois fatos significam que os chefes de Estado e os diplomatas que se reunirão a partir de 31 de outubro em Glasgow, Escócia, para mais uma rodada de negociações de clima estarão com a faca no pescoço. Precisarão aumentar radical e imediatamente a ambição das metas nacionais de corte de gases de efeito estufa (NDCs) postas sobre a mesa para 2030, ao mesmo tempo em que terão de reforçar o apelo para que o mundo caminhe da emissão zero em 2050.


Não que com a Sibéria pegando fogo, a Alemanha e a China debaixo d’água e a década mais quente já registrada os governos ainda precisassem de mais evidência para agir imediatamente. Mas a solidez do relatório do IPCC e a repercussão mundial que ele terá turbinam a importância da conferência de Glasgow, a COP26.

 


“A linguagem do relatório é muito forte e reflete o sólido consenso cientifico sobre o problema. O IPCC diz claramente que é inequívoca a interferência humana no clima. Não é mais um debate sobre se as ações humanas dão causa à crise climática, mas do quanto. E o quanto, estimado pela primeira vez é estarrecedor: f

Fomos responsáveis por 1,07º C do total de 1,09º C do aumento da temperatura desde a era pré-industrial”, diz Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima. “Além do mais, apesar de dizer que a chance de 1,5º C ainda existe, o documento também mostra que a janela para isso é estreita, e não comporta governos negacionistas.”


O Brasil, cujo governo está sendo processado por ter reduzido a ambição da própria meta, deve chegar à COP26 ainda mais pressionado. O presidente, que já foi apelidado de “o negacionista mais perigoso do mundo”, deve conquistar em Glasgow o status de ameaça climática global. “Os resultados do IPCC implicam que a redução drástica do desmatamento na Amazônia será um elemento essencial da conta da estabilização do clima nos próximos anos. Para azar da humanidade, o presidente do Brasil é Jair Bolsonaro, que quer ver a floresta no chão. Para azar de Bolsonaro, os brasileiros e o resto do mundo não vão aceitar isso calados”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.


Veja a síntese do Relatório do IPCC
Se preferir, veja um sumário do relatório, preparado pelo Observatório do Clima

 

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 E ouça o Expresso #48, com Carlos Bocuhy: 


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