Brasília: atrasa construção de pista exclusiva para bicicletas no Sudoeste

A ciclovia do Sudoeste mal saiu do papel e já é alvo de críticas por parte de moradores e de usuários da via

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 |  Autor: Mariana L. e Flávia M. / Correio Braziliense  |  Postado em: 09 de janeiro de 2012

Ciclovia não conta nem com sinalização

Ciclovia não conta nem com sinalização

créditos: Divulgação

A ciclovia do Sudoeste mal saiu do papel e já é alvo de críticas por parte de moradores e de usuários da via. Com prazo de conclusão marcado para o fim de dezembro do ano passado, a obra nem foi finalizada, e já está liberada para uso.

Além de atrasada, muito ainda precisa ser feito para garantir o trânsito seguro para bicicletas. Em vários trechos da via, onde o ciclista é obrigado a descer do veículo para atravessar a rua, são necessárias placas de sinalização, que ainda não foram instaladas. Além disso, faltam faixas de pedestres.

 

Em outros pontos do trajeto, há pegadas e marcas de pneus de bicicletas deixadas no cimento fresco. Fissuras e rachaduras no pavimento também incomodam quem passa pelo local. Embora ainda não tenha sido finalizada, a ciclovia do Sudoeste está aberta ao público, mas muitos desconhecem a finalidade da via, usada por grande parte das pessoas como ponto de caminhada. 

 

A pista para bicicletas passará não apenas no Sudoeste, mas por parte da Octogonal e do Cruzeiro. Ao todo, serão 24km. No Sudoeste e na Área Octogonal Sul, especificamente, serão 18 km, dos quais metade é de competência da iniciativa privada, como compensação urbanística pela construção da Quadra 500, enquanto os outros 50% são de responsabilidade do Governo do Distrito Federal (GDF). 

 

Segundo o administrador do Sudoeste e da Octogonal, Marcelo Ceciliano, 60% da obra já foi entregue pela Oeste-Sul Construtora — dona de lotes na Quadra 500. Ceciliano destaca que a parte a ser executada pelo governo não foi iniciada porque o processo de licitação ainda está em curso. 

 

O arquiteto da Oeste-Sul, Alex Burton, admite algumas falhas na obra, mas, segundo ele, todas serão reparadas antes da entrega. “A oscilação do tempo em Brasília gerou rachaduras no concreto, que é um material sensível. Além disso, a chuva atrasou os serviços de pavimentação e pintura”, esclareceu. “Isso tudo será refeito e, no prazo de 15 dias, no máximo, entregaremos tudo pronto”, garantiu. A ciclovia foi orçada pela empresa em R$ 2,5 milhões. 

 

Perigos 

Ontem (9), a reportagem do Correio Braziliense flagrou o professor Regiano Alves, 43 anos, e o filho dele, Pedro Alves, 7, transitando de bicicleta pela ciclovia do Sudoeste. Após algumas pedaladas, eles se depararam com o fim da pista e, ao tentar atravessar a rua, com o grande fluxo de carros. Após alguns minutos, eles conseguiram seguir em segurança. “Ainda falta sinalização. Isso aqui ainda é perigoso. Mesmo assim, resolvi trazer o meu filho para passear. Se ele quisesse vir sozinho, seria diferente. Com certeza, não deixaria”, pontuou Regiano. “Se até eu tenho que tomar cuidado, imagine uma criança ou um adolescente”, arrematou. 

 

Segundo o administrador do Sudoeste e da Octogonal, o órgão vem recebendo ligações de moradores reclamando dos problemas da ciclovia. Ele afirma, contudo, que técnicos analisam constantemente o trabalho realizado pela empresa, por isso, solicitaram a reconstrução de alguns trechos danificados. “A obra não vai ficar do jeito que eles quiserem entregar. Antes disso, vamos fazer outras vistorias. Se houver mais falhas, a empresa terá de solucionar”, afirmou. “Tem também a garantia durante cinco anos, período em que qualquer problema apresentado deverá ser corrigido.” 

 

Ao andar pela ciclovia com alguns alunos, o professor de educação física Luiz Roberto Gonzaga, 43 anos, se surpreendeu com a quantidade de rachaduras. Indignado com a situação da pista recém-construída, ele tirou fotos para registrar os problemas. “Parece que isso não vai durar três meses. Na próxima chuva, a tendência é arrebentar ainda mais”, analisou. “Acho que também falta espaço para o concreto dilatar. Isso, com certeza, está mal feito”, argumentou. 

 

A construção da ciclovia pela Oeste-Sul começou no início de outubro passado, mas, enquanto a construtora não terminar o pacote de compensações por danos urbanísticos e ambientais, não poderá começar os empreendimentos imobiliários. A Quadra 500 foi autorizada em junho de 2011, após vários embates judiciais. Estão previstos 22 prédios residenciais e seis comerciais para abrigar 40 mil moradores. Na lista de compensações a serem cumpridas pela Oeste-Sul estão também alargamento de pistas, plantio e manutenção de árvores e a construção dos parques do Bosque e do Sucupira. A empreiteira desembolsará cerca de R$ 30 milhões no pacote de melhorias.

 

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Comentários

Murilo Dias Soares - 28 de Fevereiro de 2012 às 23:11 Positivo 0 Negativo 0

Quanto mais recente é a obra no DF, mais absurda e bizarra ela é. Quantos problemas tem a "nova e moderníssima" EPTG. A ciclovia tinha tudo para ser uma grande idéia cheia de soluções aos moradores que pagam os mais altos IPTU's e sequer fim ela tem.

Rodrigo - 15 de Janeiro de 2012 às 23:39 Positivo 0 Negativo 0

O menor problema é o atraso. Há falhas de todo tipo, desde a construção de péssima qualidade, que levará à necessidade de reforma em curtíssimo prazo, até a ausência absoluta de projeto que garanta segurança e conveniência ao usuário da ciclovia.

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