O município de São Paulo se comprometeu na COP26, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a banir a venda de carros novos com motor a combustão até 2035. A cidade assinou a "Declaração para acelerar a transição para carros e vans com emissões 100% zero", endossada também por 33 países, além de outras cidades, fabricantes de automóveis e organizações.
O Brasil não está na lista de signatários, assim como EUA, China, Alemanha, França e Espanha. O setor de transportes é responsável por cerca de 20% das emissões mundiais de gases que provocam o efeito estufa, com 90% desse total correspondendo ao tráfego nas estradas.
Segundo o compromisso político, que não é juridicamente vinculante, os governos de países ou municípios signatários devem passar a usar em toda sua frota oficial, até 2035, somente veículos com emissão zero de poluentes. Eles também se comprometem a adotar políticas que incentivem essa transição o quanto antes.
A declaração, com 100 assinaturas, está sendo apresentada oficialmente nesta quarta-feira (10), dia que a COP26 reservou para discussões sobre impactos da indústria de transportes sobre o meio ambiente.
Ela estabelece que os seus signatários trabalharão para que, até 2040, todos os novos automóveis e vans já não estejam equipados com motor a combustão - ou seja, os que usam gasolina, diesel, gás natural e híbridos. Nos mercados maiores, a intenção é que as vendas desse tipo de veículo sejam suspensas até 2035.
Até agora, 32 países aderiram à declaração, encabeçada pelo Reino Unido e que recebeu o apoio de nações como Canadá, Índia, Áustria, Chile e Dinamarca.
China e EUA não aderem
A ausência de assinatura da China e dos EUA, os maiores consumidores de carros e poluidores do planeta, foi um sinal de que o acordo pode não funcionar globalmente. Martin Kaiser, do Greenpeace Alemanha, disse que a falta das maiores economias e de alguns fabricantes de peso foi "gravemente preocupante". Em julho, a organização havia proposto aos 27 países membros da União Europeia que fosse banida a venda de veículos movidos a combustão até 2035, mas, embora haja uma recomendação da Comissão Europeia nesse sentido, ela ainda não foi aprovada.
Entre os fabricantes de veículos, seis grandes empresas se juntaram à iniciativa: Ford, General Motors, Volvo, Mercedes-Benz, Jaguar Land Rover e a chinesa BYD. Ficaram de fora, porém, Toyota, Honda, BMW, Hyundai, Volkswagen e a Renault-Nissan-Mitsubishi.
A declaração, sem a força de um tratado internacional, se assemelha a outras que o Brasil assinou na conferência na semana passada, como a que promete zerar o desmatamento até 2030 e a que promete reduzir em 30% as emissões do gás metano.
Leia também:
COP26: Coligação mundial pede maior uso de bikes
O transporte que envenena as cidades: ouça o Expresso #64
Poluição afeta motorista mesmo ficando pouco tempo no trânsito
"Precisamos reduzir viagens e adotar modos limpos de transporte"
Poluição e mobilidade interferem nos casos e mortes por covid-19