Investidores anunciam US$ 1 bi para ônibus elétricos na América Latina

Na COP 26, uma coalizão de investidores internacionais assina compromisso com a articulação Zebra para mais coletivos "limpos" em São Paulo, Santiago, México e Medellín

Notícias
 

Fonte: Aliança Zebra/Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 11 de novembro de 2021

Coletivos elétricos recarregam baterias em garagem

Coletivos elétricos recarregam baterias em garagem de Bogotá

créditos: Foto: Transmillenio


A parceria  Zero Emission Bus Rapid-deployment Accelerator (Zebra) anuncia hoje (11), em Glasgow, na Escócia, que uma coalizão de financiadores se comprometeu a investir mais de 1 bilhão de dólares em frotas de ônibus com emissão zero na América Latina. Segundo a nota, divulgada pela articulação Zebra e pelo grupo de cidades mundiais C40, novos fabricantes de ônibus aderiram ao acordo e devem iniciar a produção de mais ônibus livres de emissões de carbono para a região.


Conforme o documento, o grupo de investidores oferece mais de um US$ 1 bilhão "para projetos bem estruturados de ônibus de emissão zero na região". Tais compromissos são provenientes de investidores como AMP Capital, ARC Global Fund, Ascendal, Ashmore, Copec Voltex, EDP Brasil, Enel X, John Laing, VEMO, e VGMobility. O texto acrescenta que o uso do transporte público precisa ser duplicado nas cidades do mundo inteiro para manter o limite de 1,5 graus de aquecimento, conforme prevê o Acordo de Paris (2015) e as metas em discussão na conferência COP 26. 

 

"O transporte público sem emissões será essencial se o mundo quiser manter o limite de 1,5 graus de aquecimento, além de poder criar empregos verdes de qualidade em todo o mundo", afirma o prefeito de Londres e presidente eleito do grupo C40, Sadiq Khan, que conseguiu organizar uma das maiores frotas de ônibus elétricos do mundo na capital britânica. Agora, como novo líder do grupo C40, Khan anuncia sua prioridade de apoiar esforços similares em cidades do hemisfério sul.

 

Além do compromisso de investimentos, um grupo de fabricantes e distribuidores de ônibus, entre eles a Volvo, Zhongtong, Iusa, Busscar e Rennorgy, se comprometeu a comercializar veículos com emissão zero na América Latina e, sempre que possível, produzi-los localmente. Estes compromissos ampliaram o grupo de fabricantes de ônibus com interesse formal na região, que já contava com fabricantes como Andes Motor, BYD, CreattiEV SAS, Foton, Higer, Sunwin, Vivipra e Yutong, que já haviam assinado uma declaração no final de 2020.


Hoje a  América Latina conta com 2.482 ônibus elétricos e com o investimento prometido, espera-se que mais 2 mil ônibus elétricos sejam colocados em circulação no próximo ano. Mas, esse veículos representam menos de 1% da frota total de ônibus na região, demonstrando a urgência desta transição e a importância dos compromissos assumidos pelos fabricantes e investidores.


"Além de melhorar a qualidade do ar e a saúde pública, os ônibus elétricos têm custos operacionais e de combustível mais baixos do que os ônibus a diesel tradicionais. Isto é essencial para os operadores de transporte público, que têm enfrentado dificuldades com o número de passageiros e a queda nas receitas durante a pandemia do Covid 19", diz a nota divulgada pela C40.


 

Ônibus elétricos articulados entregues nesta semana em São José dos Campos (SP) Foto: Prefeitura de S.Jose dos Campos



Novos modelos de negócio

Inovações financeiras e novos modelos de negócios estão ajudando a estimular o investimento no mercado de ônibus elétricos na América Latina. Embora os custos iniciais sejam frequentemente mais altos do que os dos ônibus a diesel, estes custos podem ser compensados por economias ao longo do ciclo de vida do ônibus elétrico (quinze anos, em média, contra dez anos para os ônibus diesel). 

 

Em Santiago, o operador privado Metbus descobriu que os custos operacionais e de manutenção de sua frota de mais de 400 ônibus elétricos são 70% e 37% mais baratos, respectivamente, do que um ônibus a diesel equivalente. Modelos inovadores de negócios e mecanismos financeiros estão sendo desenvolvidos e aplicados para possibilitar a implantação de ônibus elétricos em larga escala.


Alguns exemplos são a separação da propriedade e da operação dos ônibus, como ocorreu em Santiago. Ou o financiamento concessional em Medellín, e a separação da propriedade dos chassis e baterias dos ônibus em São Paulo. Modelos de negócios como estes podem ajudar os municípios e operadores privados a superar a falta de capital e a dificuldade de acesso ao crédito, reduzindo os riscos financeiros, afirma a nota divulgada.

 

Página inicial do site E-Bus Radar: sistema acompanha a evolução da frota elétrica de ônibus



Carolina Urrutia, Secretária de Meio Ambiente de Bogotá, declarou que  as "parcerias e colaborações público-privadas têm sido fundamentais para ajudar Bogotá a tornar-se líder mundial na eletrificação do transporte público. A cidade adquiriu mais 596 ônibus elétricos, o que elevará a frota elétrica ao total de 1.485 coletivos, a maioria para operação no BRT Transmillenio, hoje saturado pelo excesso de demanda e com graves problemas de emissão de poluentes.


No Brasil, as cidades perderam parte das redes de elétricos existentes no final do século 20. Mas ainda hoje os trólebus são maioria dos elétricos nas cidades brasleiras. Segundo o site E-Bus Radar, o país inteiro conta com um total de 350 ônibus elétricos, dos quais 302 são trólebus. É pouco: em 2019, segundo dados da NTU, o Brasil tinha uma frota total de 98.974 ônibus urbanos.

 

Leia também:
Ônibus elétricos articulados chegam a São José dos Campos (SP)
Entrevista: Gabriel Oliveira explica o projeto Zebra
Programa vai acelerar transição para ônibus elétricos na América
Mais ônibus elétricos para São Paulo
Acordo busca zerar emissões no transporte público de São Paulo


  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário