A primeira fase das obras de modernização do Metrô de Teresina acaba de ser concluída: trata-se da Estação Itararé, a primeira das quatro estações a serem construídas, além de mais dois quilômetros de trilhos recuperados até o momento.
Segundo a Secretaria dos Transportes do Piauí (Setrans), responsável pela iniciativa, até 2026 o projeto deverá ter concluído a duplicação de 13,5 km da linha férrea, no trajeto entre o bairro Itararé, na zona sudeste, e o Centro. Com a duplicação dos trilhos, avalia a pasta, será possível pôr em circulação dois trens, simultaneamente, um em cada sentido. O projeto também compreende, além da Estação Itararé, as reformas das estações Frei Serafim, Boa Esperança e Renascença, a adequação da oficina de manutenção dos trens e a construção do Centro de Controle de Operações (CCO), para monitoramento dos trens.
O secretário estadual de Transportes, Jonas Moura, detalha as melhorias que estão sendo feitas na linha: "Estamos implantando 30 mil dormentes distendidos e trilhos modernos interligados por solda aluminotérmica, que vai evitar descarrilamentos e garantir mais conforto, segurança e rapidez nos deslocamentos pelos 13,5 km de extensão da linha."
O investimento total no projeto é de R$ 193 milhões, obtidos por meio de convênio entre a Setrans e o Ministério das Cidades.
Investimento justo, mas falta debate
Para o arquiteto e urbanista Luan Rusvell, os recursos aplicados no metrô de Teresina devem servir como modelo para o país: "No cenário da mobilidade, essa ação na capital representa um bom exemplo de política de justiça social, principalmente se pensarmos na Tarifa Zero, que é adotada no sistema desde janeiro. Embora atendendo a uma pequena parcela da população (cerca de 7 mil passageiros/dia), a reforma das estações e a duplicação da linha férrea, que são mesmo o maior investimento da história do metrô, são etapas importantes para a melhoria da infraestrutura em Teresina", destaca.
Como ressalva, Rusvell lembra que os investimentos do metrô são isolados e não estão conectados com um projeto mais amplo e integrado de mobilidade urbana: "Por exemplo, um projeto que pense a integração com outros modais como ônibus, bicicleta, caminhada etc."
Ele aponta também a falta de debate público sobre as transformações no ambiente urbano da cidade: "Fala-se em novos estudos para ampliação das linhas, mas não há transparência sobre como isso acontecerá. A preocupação é justa, ainda mais considerando que as obras na linha férrea já trouxeram impactos ambientais e revolta na população, principalmente pela supressão de dezenas de árvores. E em Teresina, cada árvore faz muita falta!"
Por fim, o arquiteto denuncia que, desde o início, nenhuma audiência pública foi realizada para discutir o projeto: "É como se o governo tivesse 'carta branca' para fazer o que quisesse na cidade, sem discutir com a população", desabafa.
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