Uma semana após o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) lançar a campanha de conscientização 'Tô na Faixa', motoristas de Manaus começam a adotar postura diferente daquela conhecida pelos pedestres. A mudança de atitude do condutor, no entanto, parece lenta.
Além de motoristas que não param ao sinal do andante, a reportagem do Portal D24AM flagrou condutores que param em cima da faixa e até um bueiro aberto onde deveria haver uma rampa para cadeirantes à margem de uma faixa em um dos pontos de difícil travessia na Rotatória do Coroado.
O teste foi feito em faixas de seis avenidas no Centro, e zonas centro-sul e norte de Manaus, e o tempo médio de espera para travessia fora do horário de pico foi de dois minutos.
Dos locais verificados, a Avenida Darcy Vargas foi aquela em que os motoristas mais obedeceram à lei. Em pouco menos de dez minutos, foram feitas cinco paradas. Em todas, o pedestre sequer precisou fazer o gesto para atravessar.
Não dar preferência ao pedestre na faixa é infração gravíssima prevista no Código de Trânsito Brasileiro e pode gerar multa de R$ 191,54, além da perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). É válido lembrar que a travessia é direito do pedestre, mas atravessar na faixa é sua obrigação.
Segundo o comerciante Jorgino Pereira, 55, mesmo com sinalização de 40 km/h, a travessia na Avenida Timbiras, no núcleo 1 da Cidade Nova 2, é difícil, especialmente próximo ao Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Mário Jorge Couto Lopes. "A comunidade fez um abaixo-assinado e a escola também pediu uma faixa depois que um garoto foi atropelado há alguns anos", relatou.
No São Geraldo, na Avenida Djalma Batista, o estudante Alexandre Nascimento, 16, conta que a situação continua a mesma tanto em frente ao cursinho que frequenta, quanto no bairro onde mora, na zona norte. Segundo ele, o descaso dos motoristas é tanto, que sua mãe está com um processo na justiça por conta de um atropelamento que sofreu em outubro do ano passado. "Tem muitos 'azulzinhos' no Centro, mas a fiscalização nos bairros ainda é pouca", disse o estudante, que também reclamou de pouca sinalização.
Um ponto de ônibus existente no local também prejudica a travessia. Enquanto a reportagem tentava atravessar, um coletivo parou sobre a faixa e outros veículos continuaram o percurso normalmente, mesmo com o gesto instituído pela campanha - braço estendido com a mão voltada para o automóvel.
Em outro ponto da Avenida Timbiras, em frente à Escola Estadual Dom João Souza Lima, o estudante Paulo Sérgio Menezes, 12, leva mais de três minutos para atravessar, fazendo sinal para vários carros, sem sucesso. Ele conta que, principalmente no início e ao final da aula, é preciso ter muita atenção, pois poucos motoristas param.
Congestionamentos
A conscientização dos motoristas, no entanto, aponta para outro problema. Congestionamentos são inevitáveis quando o fluxo de automóveis se torna mais intenso e com motoristas parando a cada dois minutos no mesmo local.
Segundo o diretor-presidente do Manaustrans, coronel Walter Cruz, em coletiva no início do ano para esclarecer problemas relacionados à construção de passarelas e à instalação de semáforos, as ações dependem de estudos sistemáticos e são de responsabilidade da pasta apenas quando não atendem a um público específico, como shoppings ou empresas privadas. Neste caso, a construção deve ser custeada pelas próprias organizações.