Rua não é lugar de bicicleta?

O site Via Trolebus desmonta os argumentos contrários à implantação do sistema cicloviário na capital paulista

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Fonte: Via Trolebus  |  Autor: Renato Lobo  |  Postado em: 30 de outubro de 2014

Ciclistas vêm ganhando espaço na capital paulista

Ciclistas vêm ganhando espaço na capital paulista

créditos: Via Trolebus

 

À medida em que cresce a rede cicloviária em São Paulo, pipocam nas redes sociais as críticas ao plano municipal de implantar 400 km de vias para ciclistas nas ruas da cidade. As reclamações têm os mais variáveis níveis, mas algumas merecem ser discutidas. Para isso, o editor do Via Trolebus, Renato Lobo, preparou textos breves que tentam desconstruir o que chamou de Dez mitos sobre as ciclovias:

 

1# Ocupam faixas de rolamento dos carros

Segundo o plano da CET, todas as novas vias para as bikes devem ocupar as faixas de estacionamento, e não as vias de rolamento dos carros. O espaço que era destinado para o estacionamento dos veículos é público, e não apenas para os motoristas.

 

2# Não existe demanda para as ciclovias

De acordo com estudos de associações de cicloativistas, e da própria prefeitura de São Paulo, estima-se que 500 mil ciclistas usam a bicicleta como meio de deslocamento por dia. Com a implantação dos 400 km de ciclovias este número deve saltar para 1 milhão e meio.

 

3# Ciclovias estão sendo feitas sem estudos ou critérios

Desde a década de 1980 a CET realiza estudos técnicos para verificar a viabilidade de se inserir a bicicleta no sistema viário do município. As análises foram consolidadas por Maria Ermelina B. Malatesta na publicação “A história dos estudos de bicicletas na CET.” (veja aqui). Outro estudo que norteia a implantação das ciclovias é a Pesquisa Origem-Destino, feita pelo Metrô de São Paulo.


4# São diferentes dos outros países

Países como os Estados Unidos e o Japão utilizaram do mesmo método. Em Nova York por exemplo, foram implantadas 700 Km de ciclovias. A prefeitura de São Paulo optou por este modelo por se tratar de um método mais barato, sempre preservando o viário do pedestre e árvores.


5# Possuem a cor vermelha para fazer propaganda do PT

A cor vermelha segue às normas brasileiras de trânsito, e até internacionais. Tanto que as ciclovias do Rio Pinheiros, Caminho Verde (Radial Leste) e do Monotrilho da Linha 15-Prata, todas executadas pelo Governo do Estado, do PSDB, também são vermelhas.


6# População não foi ouvida para criação das ciclovias

Foram feitas diversas audiências do Conselho Municipal de Transportes, onde qualquer cidadão pode e deve participar. Na sétima realizada no dia 4 de junho foi apresentado o plano de 400 Km de vias para ciclistas. Estas audiências públicas servem para as pessoas opinarem. Ou alguém acha que a prefeitura vai de porta em porta perguntar se pode usar a via pública para a ciclovia?


7# É autoritarismo de prefeito

Argumento bastante usado por aqueles que gostam de partidarizar a discussão. De acordo com o código brasileiro de trânsito, toda via deve ter condições seguras para o ciclistas, e todas as ruas ou avenidas são para os mais diversos modais. Porém, em São Paulo só os carros ocupam 80% do espaço das vias, e só levam 20% das pessoas que se deslocam. De que lado vem mesmo o autoritarismo?


8# Vão permanecer vazias, por que aqui não é país de primeiro mundo

Após a instalação do bicicletário na Largo da Batata foi registrado um aumento de 37% no fluxo de ciclistas na ciclovia da avenida Brigadeiro Faria Lima. Já o uso das bikes compartilhadas aumentou em 141%. Estudo feito pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), apontou que na Avenida Eliseu de Almeida, no Butantã (zona oeste) o número de ciclistas aumentou em 53% após a instalação da ciclovia.


9# Atrapalham o comércio local

Estudo do Departamento de Transportes de Nova York, publicado em 2012 intitulado “Measuring the street: New metrics for the 21st century” mostra que o comércio local da cidade teve aumento no número de vendas após a instalação de ciclovias. Os dados revelaram que o número de vendas das lojas de uma via que recebeu a estrutura foi em torno de 49%.


10# Rua não é o lugar de bicicleta

De todos os argumentos, este é o mais curioso, e não é tão raro escuta-lo. Ciclista tem o direito de andar pela rua, direito este previsto no código brasileiro de trânsito.

Fonte de pesquisa: CET/SPTrans

 

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