A conclusão é de estudo que leva em consideração aspectos como razão entre renda da população e tarifa de ônibus, acidentes e uso de automóvel ou bicicleta.
Enquanto o Rio tem baixa parcela de deslocamentos com veículos individuais, o carro é mais presente em São Paulo, que tem também tarifa de ônibus proporcionalmente mais cara.
A maior cidade do país tem a menor proporção de vias adequadas a bicicletas, segundo pesquisa do Mobilize Brasil, entidade que reuniu dados de capitais brasileiras para fomentar o debate sobre políticas públicas.
O estudo conclui que há prevalência do transporte individual motorizado em detrimento do coletivo, prática pouco sustentável.
A discrepância entre São Paulo e Rio desmonta o argumento de que em cidades grandes é sempre difícil criar condições sustentáveis, segundo Thiago Guimarães, coordenador do estudo.
"Obras de transporte são intensivas em recursos, por isso é preciso ter apoio de governos", diz Guimarães.
"Grandes investimentos estão sendo retomados após décadas de estagnação. Projetos esperados como metrôs de Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte, serão contemplados no PAC Mobilidade e farão parte do anunciado pelo governo federal em mobilidade urbana", diz Ricky Ribeiro, idealizador do Mobilize.
Recursos federais não encerram as demandas do setor. É necessário apoio privado e planejamento, dizem os pesquisadores. "Autoridades reúnem pouca informação. Não se consegue planejar sem dados", diz Marcos de Sousa, que atuou na pesquisa.
O estudo verificou tendência de capitais menores reproduzirem modelos das grandes. "Em vez de criar soluções inteligentes de integração de transportes, constroem viadutos com uso intensivo de carros", diz Guimarães.
FRASES
"Investimentos em transporte coletivo estão sendo retomados após décadas de estagnação"
"As cidades-modelo em mobilidade são as inclusivas e agregadoras, onde poder público e privado interagem e se complementam, onde cada cidadão sente que a pertence"
RICKY RIBEIRO
idealizador do Mobilize Brasil
TRANSPORTE SOCIAL
Ricky Ribeiro, 31, idealizou o Mobilize Brasil para reunir informações sobre mobilidade urbana, dois anos após ter sido diagnosticado com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).
A doença o fez perder progressivamente os movimentos físicos.
Especialista em administração pública, Ribeiro fez mestrado em sustentabilidade em Barcelona. Foi aí que percebeu que os dados sobre o tema no Brasil estavam dispersos e passou a refletir sobre locomoção pública.
Após retornar, descobriu a doença quando trabalhava na Ernst & Young Terco, uma das parceiras do projeto, entre outras empresas.
A ideia é, por meio de estudos, fomentar debates para estimular a criação de políticas e provocar reflexões para iniciativas privadas e públicas. O primeiro fórum de discussão sobre capitais será em novembro, na FGV-Eaesp, onde se graduou.
Hoje, Ribeiro escreve com os olhos, usando um equipamento que capta a movimentação da pupila, por meio do qual coordena toda a equipe do Mobilize.