"Acalme-se, alivie o acelerador. Respeite nossa cidade"

Porque defendemos a redução de velocidade do tráfego urbano, inclusive nas vias expressas. Leia o Editorial da Newsletter semanal de número 170 do Mobilize Brasil

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 24 de julho de 2015

Gráfico representa a Curva de Ashton

Gráfico representa a Curva de Ashton

créditos: Caroline Pires/Mobilize Brasil


Condutora do blog Pé de Igualdade, a urbanista Maria Ermelina Brosch Malatesta é mestre e doutora em mobilidade não-motorizada pela Universidade de São Paulo. Mais ainda, ela atuou durante 35 anos na Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) em projetos voltados a pedestres e ciclistas. Como vêem, Meli Malatesta é uma autoridade no assunto.


Nesta semana, ela publicou um novo artigo - breve e cortante - apenas para mostrar porque é urgente e lógico reduzir a velocidade do tráfego nas cidades.


Como todos sabem, na última segunda-feira (20) as avenidas Marginais (Tietê e Pinheiros), em São Paulo, tiveram suas velocidades máximas restritas a 70, 60 e 50 km/h, dependendo da faixa de circulação. No mesmo dia, logo de manhã, choviam críticas de engenheiros de trânsito, políticos e veículos da grande mídia, em rádio, tevê, jornais e revistas.


Em seu texto, Meli Malatesta incluiu um gráfico, a Curva de Ashton, que mostra a probabilidade de sobrevivência de pedestres no caso de atropelamentos, em várias velocidades. Obviamente, quanto maior a velocidade, menor a sorte do pedestre.


Mas, mesmo em locais "onde não deveria haver pedestres", como argumentam alguns, as fatalidades acontecem, entre veículos motorizados, aos milhares. Caminhões transitam ao lado de motocicletas, que por sua vez tentam escapar do trânsito através dos corredores entre veículos maiores - carros, caminhonetes, ônibus e grandes carretas de carga.


É um espetáculo nervoso e estressante, que exige decisões rápidas e precisas, além da capacidade humana, argumenta outro mestre do assunto, Eduardo Vasconcellos. Engenheiro e sociólogo, consultor internacional, Vasconcellos também defende a redução da velocidade nas cidades como a principal forma de evitar acidentes. O caso das Marginais, diz ele, é um exemplo claro de uma via com overdose de entradas e saídas, que exigem muito dos motoristas, mesmo os mais experientes.


Um cenário ultramotorizado, que destoa da tendência mundial de ganhar espaços urbanos para as pessoas, como mostra a notícia da decisão de cidades europeias de tirar os carros das suas regiões centrais, um dia na semana.


Vale lembrar que as Marginais são as principais portas de entrada da cidade de São Paulo. Ao reduzir a velocidade nessas vias, o poder público dá um recado aos motoristas que chegam das rodovias: "Acalme-se e alivie o acelerador. Você está chegando a uma cidade. Aqui tem gente cruzando as ruas: crianças, idosos, cadeirantes e ciclistas. Por favor, respeite."


Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil


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