Carros de apps geram 69% mais poluição, revela estudo nos EUA

Estudo aponta medidas que podem reduzir o impacto urbano desse modo de mobilidade: eletrificação, compartilhamento e integração com transporte público

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Fonte: UCS  |  Autor: Marcos de Sousa/ Mobilize Brasil  |  Postado em: 27 de fevereiro de 2020

Aplicativos
créditos: Reprodução

Um estudo divulgado pela Union of Concerned Scientist indica que o uso intensivo dos aplicativos do tipo "uber" tende a aumentar a poluição atmosférica e a ocupação das ruas nas cidades onde operam. O trabalho foi publicado nesta semana pelo site da UCS e mostra que os carros de aplicativos chegam a aumentar em 69% a poluição do ar nas cidades.


O maior problema, segundo constataram os pesquisadores Don Anair, Jeremy Martin, Maria Cecilia Pinto de Moura, e Joshua Goldman - autores do estudo -, são os milhões de veículos vinculados a apps que circulam vazios buscando passageiros. Como alternativas, os pesquisadores sugerem a adoção de veículos elétricos e maior integração entre os transportes públicos e carros de aplicativos, de forma a que essa opção seja usada sobretudo para a chamada "última milha" de qualquer viagem urbana.

 

O trabalho analisou o período de 2010 a 2019, com base na operação dos apps Uber e Lyft, em grandes cidades dos Estados Unidos, e mostrou que o sistema é muito atrativo e competitivo, gerando um crescimento explosivo no número de viagens: no mundo, a Uber já havia acumulado mais de 10 bilhões de viagens até 2018 e a Lyft, cerca de 1 bilhão até 2019.

 

Entre as conclusões, os pesquisadores advertem que a crise climática mundial se tornou um tema ainda mais urgente e que "a indústria dos ride-hailing precisa contribuir para um sistema de transporte de baixo carbono e mais sustentável".

 

Entre outros pontos, o estudo faz uma comparação entre táxis e carros de aplicativos e aponta a necessidade de maior regulação:

 

"Os veículos de apps são semelhantes aos táxis em vários aspectos: os quilômetros mortos contribuem para os impactos de poluição e congestionamento dos dois modos de viagem. Mas eles também têm diferenças importantes, e a mais importante é a regulação: as cidades regulamentam os táxis há décadas e limitam o número desses veículos, exigindo, além disso, que parte dos táxis tenha acessibilidade para cadeiras de rodas. Mais: em muitas cidades, as autoridades estão estimulando os donos de táxis a adotarem veículos elétricos ou híbridos".

 

O estudo lembra que o número de viagens de aplicativos hoje supera amplamente as viagens de táxi nas cidades dos EUA, ao passo que a regulamentação desses carros ainda é um trabalho em andamento. 

 

A pesquisa aponta alguns exemplos de cidades que estão trocando carros de táxis e de apps por similares elétricos e algumas onde os apps estão integrados com o o transporte público. 

 

É o caso do condado de San Bernardino, na Califórnia: a empresa Metrolink, que opera os bondes e trens locais, fechou uma parceria com a Lyft para que os passageiros possam ter descontos quando tomam um carro em uma estação do sistema de trilhos. Alternativas como essa podem reduzir muito o impacto ambiental dos carros de apps, avaliam os pesquisadores. Uma outra opção seria o compartilhamento dos carros entre vários passageiros, como no sistema Uber Juntos.

 

Mas, como já se sabe, essa alternativa tem o poder de roubar passageiros do transporte público, especialmente dos ônibus, numa concorrência considerada desleal e predatória pelos operadores dos coletivos. 

 

Leia o trabalho completo (em inglês) Ride-Hailing’s Climate Risks

 
O que é a UCS
A Union of Concerned Scientists (https://www.ucsusa.org/) foi criada em 1969 por um grupo de pesquisadores e estudantes do Massachusetts Institute of Technology (MIT) como uma ação política contra a corrida armamentista e os problemas ambientais que já se manifestavam no planeta há mais de 50 anos.

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