Representantes de mais de 50 empresas, organizações públicas e privadas, acadêmicas e da sociedade civil entregaram ao governo federal nesta segunda-feira (12) um plano com 90 propostas para reduzir em até 68% as emissões setoriais de gases de efeito estufa até 2050 em diversas áreas. A estimativa é de que as medidas possam atrair R$ 600 bilhões em investimentos verdes para o Brasil.
A Coalizão de Transportes é uma iniciativa multissetorial criada para acelerar a descarbonização do setor de transportes no Brasil e apoiar o cumprimento das metas climáticas nacionais. A coalizão assume um caráter estratégico, já que o Brasil sediará a COP30 em 2025, o que reforça a urgência de ações climáticas.
Atualmente, o setor de transportes no Brasil é responsável por 11% das emissões nacionais, o que representa 260 milhões de toneladas de gás carbônico por ano. A redução de 70% proposta no documento equivale ao plantio de 5,86 bilhões de árvores, ou a retirada de circulação de 26,7 milhões de veículos de passeio.
O plano apresentado tem três eixos principais: aumento da frota de veículos elétricos/hídricos; rebalanceamento da matriz de transporte, aumentando modos ferroviários e hidroviários; e a ampliação do uso de biocombustíveis.
Clique aqui e confira o documento da Coalizão.
Menos emissões
A estimativa da Coalização é que ampliar a frota de veículos elétricos e/ou híbridos pode reduzir a emissão de 145 milhões de toneladas de gases do efeito estufa. Para isso, o cálculo é que seria necessário que 50% dos carros de passeio fossem elétricos, além de 300 mil ônibus.
Para permitir essa eletrificação em larga escala, a proposta é que seja implementada uma ampla infraestrutura de recarga de veículos. A estimativa é que o valor total de investimentos necessários para esta mudança seja de R$ 40 bilhões, suficientes para instalar entre 990 mil e 1,9 milhão de pontos de abastecimento.
A segunda sugestão é o rebalanceamento da matriz de transportes de cargas, com o aumento dos modos ferroviários e hidroviários, saltando de 31% para 55% até 2050. A mudança nessa matriz tem o potencial de evitar a emissão de 65 milhões de toneladas.
Por fim, o uso dos biocombustíveis é apontado como um potencial para reduzir as emissões no modo rodoviário, oferecendo uma opção viável economicamente aos veículos pesados que hoje são dependentes de combustíveis fósseis, e as do setor aéreo.
O plano também apresentou propostas para a descarbonização do meio urbano, com iniciativas como uso de modos mais sustentáveis, como transportes coletivos, bicicletas e metrôs, além de melhorar a eficiência energética dos serviços, como a eletrificação da frota, integração tarifária e criação de zonas de baixa emissão.
A entrega do documento ao governo federal ocorreu durante a 5ª edição do ciclo de debates Brasil Rumo à COP 30, realizado na sede da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em Brasília.
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