Além de não poluir o ambiente e cuidar da saúde, o ciclismo é considerado prática inteligente para a diminuição do trânsito nas grandes cidades. Seguindo a tendência, os municípios da região passaram a desenvolver projetos de ciclovias e a investir na construção de espaços reservados a bicicletas.
O ABC tem hoje 24 km de ciclovias disponíveis e mais 46,3 km em estudo, segundo as prefeituras. Mauá lidera a lista, com 11 km, seguida por Santo André, com 5,7 km, São Caetano com 5 km e São Bernardo com 2,2 km. No entanto, para especialistas em mobilidade urbana o modelo da oferta não contempla a real necessidade da região. Falta integração das poucas pistas e maior quantidade de ciclovias.
“Incentivar e preservar aquele que prefere andar de bicicleta é parte de uma concepção que visa humanizar as cidades. Além das chamadas ciclovias, o que interessa mesmo é criar um projeto cicloviário que permita ao cidadão pedalar por toda a cidade sem correr riscos”, afirma Ricardo Côrrea, sócio-fundador da TC Urbes, consultoria especializada em mobilidade urbana. Corrêa diz que normalmente isso não acontece e as ciclovias são construídas sem critério.
Conselheiro da Associação Transporte Ativo, entidade voltada à conscientização e divulgação dos benefícios das bicicletas e de outras alternativas de mobilidade, João Guilherme Lacerda, afirma que são necessárias aplicar outras medidas para fortalecer o uso das bicicletas. “Para representar uma real opção à população, é necessário investir em transporte público por exemplo”, diz. Lacerda comenta que o planejamento cicloviário faz parte da solução, mas não resolve sozinho.
Ciclista reclama
A moradora de São Bernardo, Amanda Gatti, utiliza todos os dias a ciclovia de 1,7 km, recém-inaugurada na avenida João Firmino, em São Bernardo, para se exercitar e aprova a iniciativa, mas contesta a política adotada pelos municípios em relação às ciclovias. “Não há uma continuidade entre elas, que são isoladas. Eu utilizo este espaço para praticar exercícios, mas se quisesse ir trabalhar de bicicleta teria de enfrentar o trânsito caótico sem o mínimo de segurança”, reclama.
Segundo Amanda, faltam campanhas de conscientização e iniciativas mais contundentes para que os ciclistas possam usar a bicicleta em toda a cidade. “Só pensam em construir pontes e viadutos, mas uma hora ou outra estes espaços também estarão lotados. Não vejo ninguém criando soluções de fato”, afirma a jovem.
Lista de Ciclovias
Mauá
Jardim Zaíra,
Centro da Cidade e
Parque São Vicente
Santo André
Viaduto Cassaquera,
avenida Valdemar Mattei, Parque Central,
Parque do Pedroso
São Bernardo
Avenida Pery Ronchetti,
avenida Presidente João Café Filho e
avenida João Firmino
São Caetano
Avenida Kennedy e
avenida Tijucussu
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