Segundo o Sindicato dos Metroviários do Estado (Simerj), a empresa Metrô Rio estaria reduzindo, às pressas, a largura de plataformas em algumas estações e aparando pilastras e paredes de túneis das Linhas 1, 1A e 2, em até 20 centímetros, para se adequar aos trens chineses.
O sindicato alega que, devido a suposta falha na análise aerodinâmica dos novos trens, a trepidação das comboios em movimento poderia levá-los a colidir com estruturas de concreto. “Já tomei conhecimento disso e vou cobrar explicações”, adiantou o promotor do Ministério Público Carlos Andresano.
Além do MP, a Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp) também está investigando o assunto. “A agência está realizando uma verificação criteriosa dessas informações”, garantiu o órgão em nota oficial, frisando ainda que “a aceitação dos trens e do projeto foge” de sua competência. A Secretaria Estadual da Casa Civil não comentou o assunto.
Segundo o diretor do sindicato, Ariston dos Santos, os técnicos não levaram em consideração que só há motor no primeiro carro do trem chinês, e não em todos os vagões, como no modelo atual.
Isso provocaria balanço mais acentuado, que poderia levá-lo a esbarrar na plataforma e pilastras. O especialista em Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ Fernando MacDowell garante que fez alertas sobre o problema em audiências públicas. “Não me ouviram”, lamentou.
Sistema de portas passa por ajustes
A Metrô Rio nega a existência do problema e informa que as obras nas plataformas e túneis são para padronizar as estações. A concessionária admite, apenas, que há ajustes a serem feitos nas portas. O sistema está passando por “verificação de adaptação à operação .
É um processo natural da etapa de testes e ajustes. Todo o processo é feito dentro dos requisitos de segurança”, garantiu, em nota, a empresa que administra o metrô.
O primeiro dos 19 trens comprados da China, por R$ 320 milhões, vai entrar em operação na Linha 2 mês que vem. Inicialmente, a estreia era prevista para agosto de 2010. O atraso gerou uma multa de R$ 374 mil. A promessa é a de que todos os 114 novos vagões (63% a mais que a frota atual) estarão funcionando plenamente a partir de março do ano que vem.
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