Como você avalia o transporte público da sua cidade? Como avalia a quantidade de informação disponível sobre o transporte público? Perguntas como essas foram feitas na segunda edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para avaliar a percepção da população em relação ao transporte e à mobilidade urbana.

“O SIPS, por ter foco na percepção, serve como dado complementar a outros dados e pesquisas para análise da situação e, consequentemente, de diferenciais entre os recortes trabalhados, como o de população”, explica Ernesto Galindo, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

A amostra probabilística foi feita por meio de entrevistas com 3.781 residentes de domicílios particulares, maiores de 18 anos, em todas as regiões do Brasil e em cidades de todos os portes populacionais – menos de 20 mil habitantes, entre 20 e 100 mil, e acima de 100 mil - entre 8 e 29 de agosto de 2011. Cada entrevista era composta por 33 perguntas específicas, objetivas, que, além de contemplar a percepção dos brasileiros sobre a mobilidade urbana, caracterizavam os usuários de transporte público e os serviços nas cidades.

"De forma complementar a outras pesquisas, o SIPS revela o nível de adequação da suposta qualidade das políticas e serviços às exigências e impressões da população”, ressalta Galindo. “Isso indica tanto a necessidade de melhora constante nos serviços de transporte quanto a preocupação com o nível de conhecimento, a satisfação e a percepção de forma geral, seja por parte dos usuários, seja por parte da população, dando indícios dos motivos pelos quais se opta por um determinado modo de transporte em detrimento de outro.”

Assim, o SIPS Mobilidade Urbana auxilia ao desenvolvimento de políticas que priorizem o transporte público e o não motorizado - a pé e de bicicleta. Os dados da pesquisa também são usados na construção de campanhas educativas e no desenvolvimento de técnicas para reduzir o preconceito e estigma existente sobre os meios de transporte público.

Diferentes demandas por transporte público

Nas regiões Norte e Nordeste, a frota municipal de motos – 64,32% e 59,26%, respectivamente – é maior que a frota de carros – 28,26% e 34,55%. Por outro lado, nas regiões Sul e Sudeste, a frota de motos é menor – 24,93% e 30,77%, respectivamente -, enquanto que a frota de carros é maior – 64,85% e 60,66%.

“Em geral, no Brasil, observamos uma forte relação entre a renda e o principal modo de transporte utilizado pela população. Usuários de transporte público e de motos se concentram em faixas de renda mais baixas do que os usuários de carros”, explica Ernesto Galindo. “Nesse sentido, a distribuição da frota pode servir como uma aproximação da diferença de renda entre essas regiões e, consequentemente, indicar na prática demandas potenciais proporcionalmente maiores pelo transporte público onde a participação de motos é significativamente maior que a de carros.”

Vale lembrar que as demandas são maiores em termos de proporção, uma vez que em termos absolutos, “as cidades de maiores populações tendem a ter demandas absolutas por transporte público maiores, mesmo que tenham proporcionalmente menos motos na frota”, observa Galindo. Maior demanda em termos absolutos sugere maiores investimentos em transporte público, o que inclui a participação de transportes de alta capacidade como corredores de ônibus exclusivos em sistema BRT (Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus), metrôs, entre outros. “Por sua vez, uma maior demanda relativa não necessariamente precisaria dessa diversificação de modos de transporte”, completa.

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