Quanto custa uma ciclovia e que benefícios essa infraestrutura pode trazer para as cidades? O cálculo é complexo, depende do projeto, dos materiais utilizados. E envolve ganhos diversos, na qualidade do ar, na saúde pública, nos tempos de deslocamento e, especialmente, na proteção à vida das pessoas que pedalam.
Para ajudar os gestores públicos a avaliar os benefícios econômicos de investimentos em infraestrutura cicloviária, o Banco Mundial em parceria com o ITDP desenvolveu a ferramenta de cálculo CyclingMax, publicada de forma aberta no site da instituição. Na página é possível lançar as informações do projeto cicloviário em um passo a passo que inclui uma série de dados, como a densidade do trânsito de automóveis, o número de sinistros de trânsito, taxa de moradores a 300 metros da ciclovia, número de usuários potenciais, custos previstos de manutenção e uma sequência de informações que permitem uma avaliação bastante objetiva dos ganhos possíveis.
Nesta semana, o Banco Mundial publicou um extenso documento que apresenta a CyclingMax e mostra alguns resultados obtidos na avaliação de cidades como Abidjan (Costa do Marfim), Adis Abeba (Etiópia), Dodoma (Tanzânia), Kampala (Uganda), Lima (Peru), além de três cidades brasileiras: São Paulo, Itajaí e Recife. Em todos os casos, o balanço indica um retorno positivo para as cidades.
Conforme o documento, a separação física entre ciclistas e veículos motorizados é crucial para reduzir sinistros de trânsito envolvendo ciclistas, permitindo reduções entre 25% a 40% nas fatalidades. Também indica que o aumento do uso de bicicletas pode levar a menos congestionamento e melhor qualidade do ar. Em terceiro lugar, o trabalho do Banco Mundial considera que a atividade física associada ao ciclismo pode diminuir a mortalidade em 9% e a mortalidade cardiovascular em 15% (OMS 2022). O levantamento do Banco Mundial mostra, ainda, que a implementação de ciclovias pode resultar em economias nos tempos de deslocamento dos ciclistas, quando comparados a viagens em carro, metrô ou ônibus.
A ferramenta CyclingMax também permite a quantificação das reduções nas emissões de gases de efeito estufa e melhorias na qualidade do ar nas cidades. Esses ganhos são quantificados e monetizados com base no chamado Custo Social do Carbono (CSC).
Tomando como exemplo a cidade do Recife, o documento aponta que a capital pernambucana "enfrenta desafios de mobilidade, incluindo a falta de infraestrutura de ciclovias e a necessidade de integrar a rede cicloviária ao transporte público". Considera que o plano de mobilidade propõe uma rede de ciclovias de 591 km e aponta que a manutenção das ciclovias existentes ainda é um desafio devido à falta de financiamento. E conforme os cálculos da ferramenta, o investimento em infraestrutura cicloviária mostra benefícios significativos para a cidade:
> Taxa Interna de Retorno (EIRR): 91,52%.
> Número de sinistros graves evitados: 21,55 por ano.
> Emissões de CO2 evitadas: 5.147,79 toneladas por ano.
> Mortalidade reduzida devido ao aumento da atividade física: 24,29 vidas por ano.
>Tempo de viagem economizado: 1.246.608 horas por ano.
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Para obter o documento do Banco Mundial (em inglês), acesse: https://openknowledge.worldbank.org
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