Mobilidade afeta a competitividade

Aumento acelerado da compra de veículos, em função do avanço econômico, gera custos para o poder público e interfere na qualidade de vida, aponta estudo

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Fonte: Pernambuco Investimento - NE10  |  Autor: Rafael Dantas  |  Postado em: 18 de dezembro de 2012

Mobilidade & Competitividade

Estudo da Ceplan sobre mobilidade no Recife

créditos: Divulgação

 

O trânsito intenso e o longo período de deslocamento é um problema antigo para a população do Recife e das grandes e médias cidades brasileiras. No entanto, pesquisas recentes da Ceplan, CNI e Fecomércio têm apontado que o caos da mobilidade urbana não atinge apenas a qualidade de vida das pessoas, mas a competitividade da indústria e comércio. 

 

O dinamismo da economia do Nordeste e o aumento do poder de consumo da população resultaram, entre outros tantos efeitos, num aumento acelerado da compra de veículos novos. Segundo levantamento da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), se o número de emplacamentos seguir nos próximos meses na mesma proporção de hoje, já em 2014 haverá um carro para cada cinco habitantes na RMR. Ou seja, se todos os veículos conduzissem cinco pessoas, toda a população da região caberia na frota.

 

População do Recife irá caber na frota de carros já em 2014, diz pesquisa. Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem

 

A valorização do transporte individual sobre o transporte coletivo gera uma série de custos para o poder público e privado. E para as pessoas. “A mobilidade interfere diretamente na qualidade de vida da população, além de ter impacto significativo na economia. Os deslocamentos para trabalho ou escola têm um preço para a cidade. A elevação da frota gera maior custo por quilômetro rodado (mais gastos com gasolina e maior desgaste dos veículos, que transitam mais em primeira e segunda marchas), além de ocasionar mais atritos no trânsito e menor velocidade dos ônibus. Vemos isso como o fruto do baixo investimento em infraestrutura, que teve uma queda nos últimos anos”, diz o economista Jorge Jatobá, sócio da Ceplan.

 

O grande fluxo de veículos nas ruas resulta não apenas em mais engarrafamentos, mas demanda mais investimentos do poder público. Segundo estudo da CNI, o transporte individual é 14 vezes mais oneroso para o Estado que o deslocamento através de meios públicos, como os ônibus e metrô. Como o número de carros e motos crescem numa proporção maior que a própria população brasileira, os cofres públicos sofrem com os custos da construção e manutenção do sistema viário, além dos gastos indiretos promovidos pela poluição e pelos acidentes de trânsito (que impactam mais a área da saúde e a previdência).

 

Além do desejo dos brasileiros pela compra do carro – e consequente crescimento do número de veículos nas ruas – a falta de planejamento urbano é outro entrave que acentua o problema, na opinião do vice-presidente da Federação Nacional dos Metroviários, Diogo Morais. “A dificuldade de mobilidade é um dos principais problemas das cidades de médio e grande porte do País. Ela é originada pela falta de planejamento urbano, seja na evolução da demanda demográfica, seja acomodação urbanística dessa demanda, além da lógica individualista dos deslocamentos, o que se vê pelo ‘boom’de carros de passeio nas ruas das cidades. Os problemas vividos por quem vive e transita nos centros urbanos são reflexo de um planejamento que prioriza o privado em detrimento do público”, declarou.

 

 

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