Cheiro forte impede que catadores de marisco andem em trens de AL

Ar-condicionado dos veículos novos e modernos acentua o odor. Sistema ferroviário transporta cerca de 10 mil pessoas por dia em Alagoas

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Fonte: G1 AL  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 11 de fevereiro de 2014

A ferrovia de Alagoas tem quase 150 anos de histór

A ferrovia de AL tem quase 150 anos de história

créditos: Jonathan Lins/G1

 

Apesar da modernização do transporte ferroviário de Alagoas, que ganhou Veículos Leve sobre Trilhos (VLT) em outubro de 2011, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Maceió decidiu manter duas locomotivas antigas em funcionamento para o transporte de catadores de mariscos. Eles são impedidos de utilizar o transporte mais moderno, que conta com sistema de refrigeração, por causa do cheiro forte do marisco.

 

A catadora de sururu, Maria Cicera da Silva, faz diariamente o percurso entre Rio Largo e Maceió na locomotiva antiga (Foto: Jonathan Lins/G1)

Este é o caso da catadora de sururu, Maria Cícera da Silva, 59, que acorda antes do nascer do sol para apanhar o primeiro trem de Rio Largo em direção à capital, às 4h59. Em companhia de outras catadoras de marisco, ela trabalha durante grande parte da manhã na Lagoa Mundaú, em Maceió.

 

De lá, ela consegue diariamente de três a quatro baldes do alimento, que depois são vendidos por cerca de R$ 100. “Há 10 anos eu faço isso. Acordo cedo e venho trabalhar. Só volto quando esse trem [locomotiva antiga] passa . Divido em saquinhos e saio pelas ruas de Rio Largo vendendo de porta em porta, assim eu garanto o sustento da minha família”, relatou Maria Cícera.

 

O trem antigo é utilizado pela população de três municípios da Região Metropolitana da capital: Maceió, Rio Largo e Satuba. São duas locomotivas, restauradas recentemente, que se revezam para puxar os vagões de passageiros.

 

De acordo com o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Maceió, Marcelo Aguiar, o trem antigo é mantido principalmente por causa desses comerciantes. “Ele foi idealizado com esse propósito, de transportar essas pessoas com alimentos que, se fossem levados no VLT, trariam problemas aos outros usuários devido ao cheiro forte, que se agrava por causa do sistema de refrigeração”, disse.

 

Responsável pelo transporte de cerca 10 mil pessoas diariamente, o sistema ferroviário alagoano sofreu diversas transformações em seus quase 150 anos de existência. Foram bondes de tração animal, elétrica, a vapor, diesel e, há dois anos, ocorreu a implantação da frota do VLT.

 

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