Frota do RN aumenta sete vezes mais que população

No Rio Grande do Norte, a frota de veículos cresceu sete vezes mais que a população nos últimos quatro anos

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 |  Autor: Roberto Lucena / Tribuna do Norte  |  Postado em: 06 de janeiro de 2012

Aumento de autos no RN

Aumento de autos no RN

créditos: Aldair Dantas

Números do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RN) revelam um aumento de 34% na quantidade de veículos entre os anos de 2008 e 2011. No mesmo período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população potiguar cresceu apenas 5%.

O ritmo de investimentos na infraestrutura rodoviária não acompanhou as vendas dos veículos e, na capital do Estado, a falta de obras de mobilidade urbana causam, cada vez mais, engarrafamentos e produzem transtornos à população. Nos próximos meses, uma lei federal, que tenta regulamentar o transporte de cargas e passageiros, entrará em vigor. Investir em transporte público de qualidade, segundo especialistas, é a única maneira de evitar um colapso no trânsito.

 

Segundo o Detran/RN, o ano passado encerrou com 862.335 veículos transitando em todo Estado. Em 2008, a frota era de 642.625. Naquele ano, havia 3.013.740 habitantes em terras potiguares. Três anos depois, a população norte-rio-grandense soma 3.168.027. As facilidades do mercado aliada à economia forte e crescente do Brasil são alguns fatores que explicam a expansão do poder aquisitivo da população. Atualmente, é possível comprar um veículo sem precisar pagar uma entrada.

 

Se por um lado a aquisição de um veículo representa progresso e melhoria na qualidade de vida do cidadão, por outro, sem as devidas mudanças na infraestrutura das ruas e estradas, é sinônimo de problema. "Esse aumento de frota ocorre em todo canto. É uma tendência natural", disse o secretário-adjunto de Transporte do Município, Haroldo Maia. De acordo com o secretário, para diminuir os transtornos causados com o aumento da quantidade de veículos rodando nas ruas, não há outra solução senão privilegiar o transporte coletivo. "Se apresentamos solução para melhorar o fluxo de veículos particulares, o comércio vai continuar vendendo muito. É preciso priorizar o transporte coletivo", afirmou.

 

Há uma esperança nesse sentido. Na última quarta-feira, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Política Nacional de Mobilidade Urbana. A lei, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, entrará em vigor no prazo de cem dias e tem objetivo de melhorar os modos de transporte, tendo em vista a mobilidade de pessoas e cargas no país.

 

Entre as novidades da nova política, está o fato de que os entes federativos (União, Estado e Município) poderão restringir a circulação de veículos motorizados em locais e horários predeterminados. A cobrança de pedágio também está prevista. "Essa nova lei é uma preocupação do governo com esse avanço desenfreado do aumento de veículos e vai nos ajudar a controlar o fluxo no trânsito", diz Haroldo.

 

As obras de mobilidade urbana previstas para a Copa do Mundo 2014 também podem colaborar para desafogar o trânsito na capital do Estado. No entanto, há pouco mais de dois anos para o início do evento esportivo, nada foi feito. A última medida da Prefeitura com relação ao projeto foi a assinatura de um convênio de R$ 293 milhões com a Caixa Econômica Federal. No interior, a situação não é muito diferente. Exceto a BR-101, não há investimentos significativos nas estradas que cortam o RN.

 

Em 2011, venda de carros teve queda de 6,2%

 

Na tarde de ontem, a professora Elizabete Medeiros, 57 anos, comprou, pela primeira vez, um carro. Após alguns anos pagando mensalidades de R$ 315,00 de um consórcio, resolveu "aproveitar a oportunidade" para negociar com uma concessionária e adquirir o veículo. A professora era uma entre alguns clientes que ocupavam o pátio da loja localizada no bairro Lagoa Nova. Apesar do aumento de veículos nos últimos quatro anos, as vendas, ano passado, tiveram uma queda de 6,23% em relação à 2010. Concessionárias esperam reverter o quadro esse ano, mas, de acordo com o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Norte (Sincodern), Rodrigo Cândido, o futuro é incerto.

 

O gerente comercial Luiz Carlos Zonta explicou que a queda nas vendas em 2011 se concentrou especialmente no primeiro semestre, porém, no último trimestre do ano passado, houve uma retomada de fôlego. "As vendas caíram porque tivemos problemas com a economia do Estado. Até mesmo por questões políticas, greves, que atrapalharam o comércio. Mas, nos últimos meses do ano, já sentimos uma melhora que, acredito, será a tônica nos próximos dias", disse.

 

Os modelos populares, segundo Zonta, são os mais vendidos no Estado. Atualmente, o modelo mais básico pode ser adquirido por R$ 21.990,00 e o consumidor, dependendo do potencial de crédito, pode sair da concessionária sem precisar abrir a carteira. Era um desses modelos que a professora estava levando para casa ontem. "Comprei porque foi uma oportunidade boa e o preço também estava convidativo", explicou Elizabete Medeiros.

 

O Rio Grande do Norte foi o único Estado no Nordeste onde houve redução na venda de veículos no ano passado. Segundo Rodrigo Cândido, o RN era o quarto maior mercado nesse quesito na região. Com a redução nas vendas, caiu para a quinta posição. "Vamos analisar como o mercado vai se comportar. O futuro é incerto", disse.

 

Bate-papo 

» Rodrigo Cândido, diretor da Fenabrave no NE

 

"As montadoras querem crescer 2,5% no Brasil"

 

Como o senhor analisa a diminuição das vendas de carros no Rio Grande do Norte, em 2011? 

O Rio Grande do Norte empobreceu economicamente e, consequentemente, o poder aquisitivo diminuiu. No ano passado, diminuímos as importações, o turismo esteve em baixa e muitas greves no setor público atrapalharam.

 

E a previsão para este ano, no Brasil e no RN? 

Este ano de 2012, as montadoras esperam crescer 2,5% no Brasil. O Rio Grande do Norte é uma incógnita. Temos potencial para voltar a ocupar a quarta posição no mercado do Nordeste, mas, tudo pode acontecer, inclusive uma nova queda.

 

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