Em Olinda, moradores improvisam pontes no Canal do Fragoso

Comunidade que vive às margens do Canal, no bairro de Casa Caiada, aguarda obras de nova via na orla marítima. Enquanto isso, para trafegar, improvisa pontes de madeira

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Fonte: Diário de Pernambuco  |  Autor: Laís Araújo  |  Postado em: 06 de junho de 2013

Moradores da comunidade Beira Rio vive às margens

Beira Rio: comunidade improvisa passagem

créditos: Laís Araújo/D.A Press

 

Em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, o reordenamento da orla marítima vem sendo realizado a partir de parceria dos governos federal, municipal e estadual. Próximo ao bairro de Casa Caiada, e não muito distante das obras da praia, a comunidade Beira Rio vive às margens do Canal Fragoso, que em breve será reestruturado para a construção de vias para carros e bicicletas.

 

Enquanto isso, os que moram na comunidade falam sobre uma situação que é a mesma há décadas: há poucas possibilidades de travessia do canal durante toda a sua extensão, o que acarretou na construção de pontes de madeira por parte da própria população. As pontes são notoriamente frágeis e, quando o nível do canal aumenta, ficam submersas.

 

A situação acontece próximo às ruas Caetano Ribeiro e a Rua Riachuelo. Os moradores relatam que antes da construção das pontes, as pessoas atravessavam pelo próprio canal, local que antigamente ainda possuía o status de rio. “Antes, assim que a gente chegou, não tinha nada, nenhuma estrutura pra atravessar. A gente andava pelo canal mesmo, que antes tinha água transparente, tinha peixe. Era tudo diferente”, conta Josivaldo da Silva, porteiro noturno que mora na região do canal há cerca de 30 anos. Atravessar pelo canal atualmente é coisa rara, causada somente por desequilíbrio ao subir na ponte. A água turva se mistura ao lixo e os moradores que vivem na beira do Fragoso evitam o contato direto com ele. “Mas quando chove é complicado. Quando o canal enche...”, conta Josilvaldo, “aí a água sobe pra rua, pra calçada, a ponte fica embaixo e ninguém consegue mais atravessar”. 

 

Foto: Laís Araújo/Esp. DP/D.A Press  
Foto: Laís Araújo/Esp. DP/D.A Press


Por causa da subida do nível da água, uma das pontes foi construída com mais altura. “Essa ponte é a mais difícil”, observa José Carlos, residente da área. Não há corrimão e as tábuas de madeira tremem com o caminhar dos moradores. Na ponte mais utilizada por veículos de pequeno porte, passam, além de pessoas, motos e bicicletas. “Mas já vi algumas pessoas caindo no canal, principalmente quando passam de moto e se desequilibram. Todo mundo corre pra ajudar”. 

 

Quando questionados, no entanto, os moradores afirmam que a situação melhorou. Josilvado da Silva explica que foram realizadas muitas tentativas de resolução com órgãos públicos. “A gente já se reuniu muito com a prefeitura, porque a construção de pontes melhores seria um benefício muito grande para a comunidade toda. Mas quem ajudou foi um vereador que conheceu o local. Ele prometeu e de fato cumpriu, fez uma ponte de metal”. Segundo os moradores, a ponte de metal é de responsabilidade do vereador Riquinho Água e Gás (PDT). Hoje ela é um alívio principalmente para os residentes mais idosos, porque apesar de já desgastada, possui corrimão e mais firmeza. 

 

Depois de décadas de passarelas improvisadas, grande parte dos moradores será removida. “Vão construir avenida, uma das obras de mobilidade da copa. A gente viveu por anos aqui e vai ser removido, mas quase ninguém recebeu ainda a indenização, por isso continuamos aqui”, conta Josilvaldo.Os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) financiam a requalificação do canal. A obra de mobilidade urbana possuirá 11km de vias para carros e ciclovias e também terá projetos de saneamento para os bairros cortados pelo canal. 

 

A Prefeitura de Olinda informa que não há previsão para construção de pontes na região.

 

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