Hidrosonho: o Hidroanel Paulistano

Em funcionamento, daqui a 24 meses, a segunda eclusa metropolitana do Rio Tietê agregará mais 14 km de possível navegação no trecho urbano

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Fonte: Portogente  |  Autor: Frederico Bussinger*  |  Postado em: 26 de novembro de 2013

Obras da Eclusa da Penha estão orçadas em R$ 101mi

Obras da Eclusa da Penha estão orçadas em R$ 101mi

créditos: Reprodução

 

Não é só na Europa... nem só nos EUA!

 

Até com um certo simbolismo, quando no último “dia da bandeira” (19) o governador paulista Geraldo Alckmin acionou uma retroescavadeira para início das obras da Eclusa da Penha (R$ 101 milhões), ao lado daquela barragem (0102), é como se a bandeira da navegação fosse novamente fincada; e, agora, no coração da Região Metropolitana de São Paulo – como em várias cidades americanas, europeias ou asiáticas: a retomada da navegação, tão intensa até a 1º metade do Século XX, toma novo impulso; e o sonho de implantação do Hidroanel Metropolitano começa a se tornar realidade.

 

Em funcionamento, daqui a 24 meses, a segunda eclusa metropolitana do Rio Tietê (a outra é a do “Cebolão”, na confluência das Marginais Pinheiros e Tietê com a Rod. Castelo Branco) agregará mais 14 km de possível navegação no trecho urbano do Rio; incidentalmente em uma região logisticamente estratégica: Entre as Rod. Dutra e Ayrton Senna; ao lado do Aeroporto de Guarulhos e da antiga ferrovia que acessa o Vale do Paraíba e o RJ. Além do mais, com extensas áreas desocupadas e/ou requalificáveis, inclusive para implantação de plataformas logísticas multimodais.

 

O novo trecho estende o trecho, já navegável, de 41 km (entre Santana do Parnaíba, Município na Região Oeste da RMSP, e a Penha/São Miguel Paulista, na sua Zona Leste). Passarão a ser, então, no total, 55 km: quase 1/3 dos 170/180 km potenciais.

 

 Mas os benefícios da Eclusa da Penha vão além da navegação (redução de até 2/3 nos custos do transporte como, p.ex., e de imediato, materiais do desassoreamento, lixo, lodo das estações de tratamento de esgoto e materiais de construção), comodestacaram o governador, o Secretário Saulo de Castro e o Diretor do DH Casemiro Tércio na cerimônia. Com a dragagem de 5 milhões de m3 para formação do canal de navegação também será formado um grande lago, com dupla função. Situado à montante (acima) do núcleo da metrópole, passa a integrar o sistema anti-enchentes (macrodrenagem) - “um gigantesco piscinão natural, equivalente a 65 piscinões do Pacaembu” ; ou 5 vezes o maior até hoje implantado na RMSP. E, lindeiro ao Pq. Ecológico do Tietê, ele agrega-lhe graça e aumenta-lhe o potencial de lazer. Mantidas as proporções, é como se a árida Zona Leste tivesse ganho uma Represa Billings (ou de Guarapiranga).

 

Prazo para conclusão da obra é de 24 meses, segundo cronograma do Governo de São Paulo

A Eclusa é também o 1º passo para a implantação do Hidroanel. Este, por sua vez, um plano de uso múltiplo das águas, potencializa tais benefícios por suas importantes dimensões urbanas e ambientais. Essas podem redirecionar o desenvolvimento da grande metrópole, hoje “de costas para os rios” (expressão corrente!): Além do da Penha, outros piscinões viriam a existir; e com custos menores, pois compartilhados. Abastecimento de água (limpa, da cabeceira do Tietê diretamente para Billings); despoluição do Rio Pinheiros (agravada pela atual pouca circulação); agricultura (pela irrigação, via canal, ampliando as tradicionais áreas de hortifrúti à leste); geração de energia na eficiente Usina Henry Borden (capacidade hoje limitada a 1/3 pela escassez de água). Também a requalificação do transporte de passageiros na Represa Billings (0102); lazer e turismo (que floresceu até meados do Século-XX naquela região); e requalificação de extensas áreas lindeiras para uso imobiliário – como, p.ex., a abrangida pelo projeto denominado “Arco do Futuro”, da PMSP, ou o “Plano de Requalificação das Marginais”, do GESP.

 

O início das obras da Eclusa da Penha tem, assim, dupla implicação: uma objetiva, pelos benefícios que em breve poderão ser usufruídos. Mas, também, aponta para um projeto estruturante, de médio/longo prazo, capaz de alavancar um novo ciclo de ocupação e desenvolvimento do território; assim como uma nova forma de se planejar e gerenciar, articuladamente, envolvendo diversas unidades do Governo do Estado, dos 39 municípios da RMSP e a sociedade organizada.

 

*Consultor do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transportes e Meio Ambiente (Idelt), foi diretor das companhias docas do Estado de São Paulo e de São Sebastião.

**Publicado originalmente no site Portogente

 

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