Trânsito em Aracaju: o ontem, hoje e amanhã

A história da Mobilidade Urbana pela jornalista Grace Melo

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 |  Autor: Grace Melo / Jornal Folha da Praia, setembro  |  Postado em: 03 de outubro de 2011

Num passado recente

Num passado recente

créditos: Arquivo

Era uma vez uma cidadezinha pacata, com pouco mais de 1000 mil habitantes, cujos meios de transporte eram movidos a bois, burros e cavalos. Quando o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro traçou no papel o destino dos futuros moradores da capital de Sergipe Del Rey, não imaginou que num curto espaço de tempo, os carros de boi, carroças e carruagens, tão úteis numa cidade cujas ruas estavam constantemente alagadas pela ação das marés, seriam trocados por veículos que atingem facilmente, e em menos de 10 segundos, os 100 km/h.


No ano seguinte à sua fundação, Aracaju contava com uma população de 1.484 pessoas, sendo 754 mulheres e 730 homens; 1.191 livres, 293 escravos, 1.480 nacionais e quatro estrangeiros e estava distribuída em sete quarteirões. Nenhuma dessas pessoas possuía um veículo automotor. Com apenas 45 anos de idade, começou a ser pavimentada com pedras regulares para facilitar o deslocamento dos meios de transporte. A ‘modernidade’ chegou em 1908, com os bondes de burro, logo substituídos pelos bondes elétricos (1926).


A partir do início do século XX, o padrão de sociabilidade começa a ser medido pelo poder aquisitivo e hábitos de consumo. Ter um carro era sinal de poder e riqueza. E quando Arabela Melo dos Santos veio de Neópolis para a capital em 1938, o trânsito de Aracaju se resumia à presença de alguns bondes, veículos de tração animal e cinco carros de passeio, ou carros de praça, que esperavam pela freguesia estacionados na praça Fausto Cardoso. “O chofer mais famoso se chamava João Benevides. Ele era muito conhecido, querido e muito requisitado por ser uma pessoa de extrema confiança”, lembra.


Na época ela tinha apenas 14 anos e hoje, com seus 87 anos bem vividos, não esquece que os outros cinco carros existentes na cidade pertenciam ao Dr. José Machado de Souza, a Sabino Ribeiro, Carlos Rodrigues da Cruz e ao senhor Manoel de Oliveira Martins. “Este último foi ainda proprietário de um dos primeiros postos de gasolina da capital”, rememora.


Não demorou para que o carro de passeio se transformasse no objeto dos sonhos de milhares de aracajuanos, mas um sonho ainda distante para a grande maioria. O que fugiu à memória de dona Arabela é que o ousado Oliveria Martins foi, também, o proprietário da a primeira frota de ônibus de Sergipe. O nome era pomposo: ‘ETU – Empresa de Transporte Urbano São José’.


Mas o que marcou foi o apelido: os ‘gostosões de Oliveira Martins’, como eram conhecidos os primeiros ônibus da capital, mantiveram a cidade funcionando a pleno vapor e não deixaram a população desamparada com o fim da circulação dos bondes. elétricos em 1956.


Mas, quem naquela época apostaria que em apenas 156 anos de fundada, a capital seria habitada por 570 mil cidadãos e 218 mil veículos automotores se espremendo nas estreitas ruas do então tabuleiro de xadrez?  Eis que raia o sol do século XXI numa cidade cujos moradores diziam com orgulho que gastavam breves 15 minutos de carro de um extremo ao outro, fizesse sol ou chuva, estivesse ou não em horário de pico. Aliás, as palavras rush e horário de pico não faziam parte do vocabulário dos Aracajuanos até bem pouco tempo atrás. Além dessas, já se tornaram comuns as expressões mobilidade, paz / violência no transito, comitê, respeito às leis e finalmente, o ponto de interrogação: o que fazer?


Algumas alternativas são apontadas pelos especialistas para evitar que a o trânsito da capital do menor Estado do Brasil entre em colapso como acontece em cidades como Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. A principal delas é fazer com que os cidadãos deixem seus carros em casa voltando a utilizá-lo apenas como carro de passeio. Para isso, se torna imprescindível que o poder público realize investimentos no transporte público de qualidade.


Transporte coletivo


De acordo com estudos da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, um ônibus substitui 50 carros ou 70 motos, o que alivia não apenas o trânsito, mas também as emissões de gases poluentes. De acordo com dados Prefeitura Municipal, atualmente existem 520 ônibus circulando em Aracaju. Nos últimos três anos, foram investidos mais de R$ 45 milhões justamente na melhoria do transporte público.


Na atual gestão, a frota de ônibus já foi renovada em quase 50%, registrando um total de 208 novos veículos circulando no município. Somente em março desse ano, foram entregues 20 novos ônibus equipados com elevadores para cadeirantes, assentos especiais, câmeras de segurança e dispositivos para diminuir a emissão de gases poluentes no meio ambiente.

 
Plano de Mobilidade


O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, reconhece que a mobilidade tem sido um grande desafio ao poder público. Em agosto deste ano ele autorizou a elaboração do Plano Integrado de Mobilidade Urbana, cuja primeira etapa será composta pela Licitação do Transporte Público Municipal. O edital será publicado até março de 2012. Ele destaca que a decisão de começar pela licitação do transporte coletivo justifica-se por que este é o maior problema para que haja a mobilidade de forma efetiva.


"Vamos trabalhar para deixar um plano que ajude Aracaju a crescer com qualidade nos próximos dez anos. O primeiro capítulo a ser resolvido, a ser trabalhado, é a questão da licitação. O grande desafio deste século, para as grandes cidades e capitais, é encontrar saídas para a mobilidade. Para nós, essa solução começa com o fortalecimento do transporte público", acrescenta.

 

Campanhas educativas

Campanhas educativas

créditos: Lizia Martins

Plano de Mobilidade


O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, reconhece que a mobilidade tem sido um grande desafio ao poder público. Em agosto deste ano ele autorizou a elaboração do Plano Integrado de Mobilidade Urbana, cuja primeira etapa será composta pela Licitação do Transporte Público Municipal. O edital será publicado até março de 2012. Ele destaca que a decisão de começar pela licitação do transporte coletivo justifica-se por que este é o maior problema para que haja a mobilidade de forma efetiva.


"Vamos trabalhar para deixar um plano que ajude Aracaju a crescer com qualidade nos próximos dez anos. O primeiro capítulo a ser resolvido, a ser trabalhado, é a questão da licitação. O grande desafio deste século, para as grandes cidades e capitais, é encontrar saídas para a mobilidade. Para nós, essa solução começa com o fortalecimento do transporte público", acrescenta.


Corredores exclusivos


O Superintendente de Trânsito da Capital, Antônio Samarone, afirma que a PMA trabalha incansavelmente na questão da mobilidade, da gentileza no trânsito. Ele lembra que são realizadas periodicamente campanhas educativas, palestras, seminários, caminhadas, passeios ciclísticos, exposições e destaca o grande investimento na construção e manutenção das ciclovias. “Hoje Aracaju é, por exemplo, a cidade brasileira de maior faixa cicloviária proporcional ao número de habitantes.

E não pára por aí: ainda este ano a Prefeitura irá oferecer aos cidadãos projetos inovadores e revolucionários para o transporte público da capital. Um dos mais aguardados é o funcionamento de um sistema de bilhetagem único, em que o usuário poderá usar a mesma passagem sem a necessidade de ir até ao terminal para pegar o próximo ônibus”, destaca.


Samarone fala ainda da necessidade de criação de corredores exclusivos para os ônibus. “Enquanto o ônibus tiver que enfrentar engarrafamentos, não será possível melhorar a circulação de veículos. Se o transporte coletivo não for priorizado, vamos cair no modelo caótico que existe em várias partes do mundo. Com o Plano de Mobilidade, Aracaju terá todas as condições, nos próximos 10, 15 anos, de não passar pelos mesmos problemas que têm, hoje, Salvador e o Rio de Janeiro", completa.

 

 

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