Ricky Ribeiro, fundador e diretor do Mobilize Brasil, foi um dos homenageados na premiação Trip Transformadores 2018, realizada ontem (22) no Auditório Ibirapuera. O público se levantou e aplaudiu de pé quando ele foi chamado e entrou no palco com a cadeira de rodas conduzida por seu pai, Marcio Ribeiro. 

E não era qualquer público. Ali estavam ativistas de várias organizações sociais, empresários, artistas e jornalistas, gente de todas classes e cores do país. Entre os homenageados, pessoas como o Padre Julio Lancellotti, que luta há 33 anos para acolher e apoiar moradores de rua de São Paulo. "Nesse tempo todo descobri que a senha para se aproximar das pessoas que vivem na rua é simplesmente olhá-las", disse o padre. Ou a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, que aos 82 anos de idade encontra energia para manter um abrigo para crianças com Aids, no Rio de Janeiro. Ou ainda o carioca Sebastião Oliveira, diretor da Miratus, um espaço onde crianças praticam esporte e aprendem a jogar o Badminton com uma metodologia criada por ele mesmo e baseada nos passos de dança do samba.

Trip Transformadores 2018: público de pé aplaude Ricky Ribeiro

Ricky estava ali por ter desafiado a sentença de morte de sua doença, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e ter seguido adiante com seus planos de vida: namorar, passear quando possível, reunir os amigos, trabalhar e atuar no Mobilize Brasil para melhorar as condições de mobilidade nas cidades do país.

Ele perdeu os movimentos, mas trabalha para que as pessoas se movimentem mais e de forma mais sustentável. Perdeu a fala, mas tem sua voz (eletrônica) na Rádio Trânsito, uma vez por semana, discutindo questões de mobilidade. E, com apoio da tecnologia, de seus pais e amigos, lançou um livro de memórias, o Movido pela Mente, em parceria com a escritora Gisele Mirabai. Em seu agradecimento, Ricky emocionou o público: "É um prazer estar ao lado de pessoas tão inspiradoras. Quando fui diagnosticado com ELA, diziam que eu teria de dois a  cinco anos de vida. Eu nunca poderia imaginar que dez anos depois estaria sendo homenageado num prêmio como este.”

Um país menos desigual
Como Ricky, todos os que passaram por aquele palco são brasileiros que não se conformam com as dificuldades cotidianas e históricas e lutam para fazer do Brasil um país menos desigual. Outros exemplos são o ator e escritor Lázaro Ramos, que mantém um centro de educação de crianças em sua terra natal, São Francisco do Conde, na Bahia, ou a Promotora de Justiça Gabriela Manssur, de São Paulo, que trabalha para proteger mulheres vítimas de violência. Ou ainda o mineiro Valdeci Ferreira, que  atua para humanizar o sistema prisional brasileiro e difundir o conceito de presídios abertos, nos quais os "recuperandos" são tratados pelo nome, podem trabalhar, estudar e até ter a chave de suas celas. 

Na solenidade também foram homenageados a ativista Sueli Carneiro, fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra, os empresários Luiz Chacon e Danilo Zampronio, além da empreendedora Aline Landin, criadora do app Jaubra, o "uber da brasilândia", que já foi destacado em reportagem no Mobilize, em 2017.

Saímos do Auditório Ibirapuera com a sensação clara de que nosso trabalho deve continuar, aprofundar-se e ser ampliado para outras cidades do país. Em nome de Ricky Ribeiro e da equipe do Mobilize, agradecemos à revista Trip pela homenagem inesquecível.

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