Lotados, ônibus na Grande BH expõem usuários a riscos

Trabalhadores que moram em cidades próximas a Belo Horizonte circulam em coletivos lotados, sem a possibilidade de manter o distanciamento social. Veja a matéria do BHAZ

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Fonte: BHAZ  |  Autor: Vitor Fórneas/BHAZ  |  Postado em: 01 de junho de 2020

Ônibus na Grande BH: lotação máxima, mesmo com a p

Ônibus na Grande BH: lotação máxima, mesmo com a pandemia

créditos: Foto: Camila Rodrigues via celular


Diante da pandemia do novo coronavírus muitas empresas possibilitam que os colaboradores trabalhem em casa. No entanto, alguns trabalhadores realmente precisam se deslocar aos locais de trabalho, muitos deles por meio do transporte coletivo. Mas, com a redução do movimento de pessoas nas ruas, empresas de ônibus da Região Metropolitana de Belo Horizonte reduziram o quadro de horários e isso tem provocado uma lotação extra nos coletivos, exatamente numa época em que se deve evitar aglomerações.


A vendedora Camila Rodrigues, por exemplo, utiliza o transporte coletivo há 14 anos. Ela conta que a situação está “desesperadora” para os usuários da linha 2290 (Nacional/Belo Horizonte), em Contagem. “O ônibus demora cerca de 40 minutos para passar e vem lotado. A gente só vai dependurado na porta. Nestes anos todos que preciso do ônibus, nunca vi nada igual. A situação é de calamidade”. A linha utilizada por ela é gerenciada pelo DER-MG, mas o órgão alega que somente ônibus articulados estão autorizados a circular com passageiros em pé.


Quem também precisa do ônibus para chegar ao trabalho é José Tavares Júnior. O usuário da mesma linha diz conviver com o medo de ser contaminado pelo coronavírus, já que o coletivo sempre está cheio.

“Neste tempo, que se fala para evitar aglomerações, nós vivemos com medo de sermos contaminados pelo vírus dentro dos ônibus. Eles estão passando com horários reduzidos e sempre muito cheios”.

A linha utilizada por José atende a diversas regiões, conforme conta, por isso sempre está com muitos passageiros. “O ônibus passa por vários bairros e mesmo agora, com algumas pessoas trabalhando de casa, ele continua cheio, porque reduziram a frota”, comenta.


Perigo de contágio
Com menos ônibus circulando, é comum os pontos ficarem cheios. “No horário de pico a gente tem ficado muito tempo esperando, algo que não acontecia antes da pandemia. Nesta semana, enquanto voltava do trabalho, teve até briga entre as pessoas para entrar”, lamentou Camila. A situação tem deixado os motoristas, que também cobram as passagens, ainda mais exaustos.


O médico infectologista Carlos Starling explica que ônibus lotados não são indicados neste momento da pandemia da Covid-19. “Qualquer aglomeração, seja no transporte coletivo ou fora dele, não é adequado, pois aumenta o risco de transmissão”. E mesmo com os usuários utilizando máscaras o perigo permanece. “A máscara protege, mas quando a proximidade das pessoas é muito grande, esta proteção diminui. É preciso manter o distanciamento para que o uso da máscara seja efetivo”, alerta Starling. O especialista orienta os usuários a explicarem a situação enfrentada nos coletivos para os patrões. “Aqueles que puderem devem ajustar o horário de trabalho para fugirem do horário de pico", completou o especialista.


O que diz o DER-MG
Procurada a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra/ DER-MG), informou que “o Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano está operando em regime especial, devido à pandemia do novo coronavírus”. Mas alegou que há um reforço nos horários de pico. “O Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano está operando em regime especial de funcionamento para a pandemia, em que a oferta de viagens foi adaptada à demanda de passageiros por períodos de maior e menor movimento. Existe um reforço de viagens nos horários de pico da manhã e tarde”, informou em um dos trechos. A secretaria ressaltou que o “reforço” citado é para que as viagens não aconteçam com passageiros em pé, pois isso é autorizado somente nos veículos articulados, que são mais espaçosos. A Seinfra estuda também a readequação dos quadros de horário, após a flexibilização do comércio em Belo Horizonte.


Máscaras e álcool em gel
Para utilizar o transporte coletivo, tanto os funcionários da empresa, quanto os passageiros precisam utilizar máscaras. Caso o passageiro não aceite, a orientação é não permitir o embarque. “O álcool em gel está disponível em dispensadores nos ônibus articulados, além de terminais, estações de transferência, estações do Rotor Central, bilheterias e nos pontos de venda de bilhetes", informou a nota da Secretaria.


Fiscalização
A Seinfra/DER-MG destacou ainda que os ônibus estão sendo fiscalizados para evitar a propagação da Covid-19. “A equipe de Fiscalização do DER-MG fiscalizou 9.020 veículos de linhas metropolitanas e aplicou 1.628 autos de infrações por descumprimento de horários e excesso de passageiros nos veículos”. O órgão pede que os usuários auxiliem na fiscalização e que encaminhem suas reclamações. “Os passageiros devem continuar registrando as reclamações sobre horários ou outros problemas com os serviços para que as autoridades públicas possam intervir. E podem, também, contribuir evitando aglomerações. Se o ônibus estiver cheio, o passageiro não deve forçar a entrada”.


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