Mais pistas, mais carros. E o transporte coletivo?

Governo de SP anuncia R$ 815 milhões para mais pistas em trecho urbano da rodovia Castello Branco. Por que não investir em trens, metrôs e outros modos sustentáveis?

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Fonte: Governo do Estado de São Paulo  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 26 de maio de 2022

Trecho urbano da Castello Branco: um mar de asfalt

Trecho urbano da Castello Branco: um mar de asfalto

créditos: CCR Via Oeste

Em aparente campanha eleitoral, já como pré-candidato à reeleição, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) anunciou nesta terça-feira (24) a liberação de R$ 815,3 milhões para uma série de obras no eixo da Rodovia Castello Branco, em Barueri, na área oeste da RMSP.


O projeto inclui a construção de 5 km de vias marginais, em ambos os sentidos da Castello, uma faixa adicional do km 27 ao km 31 e a remodelação dos trevos de acesso a Barueri e ao bairro de Alphaville. Conforme a nota de divulgação do governo estadual, o serviço será executado pela concessionária CCR ViaOeste, sob supervisão da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), com prazo de conclusão de 35 meses.


O vídeo oficial do governo apresenta a obra como uma "ação de desenvolvimento sustentável". O anúncio poderia sim ser uma boa notícia se as tais pistas e trevos fossem destinadas à circulação exclusiva ou prioritária do transporte público na região. Mas não são.


Vinte anos atrás, em 2001, já com a rodovia sob concessão, o então governador Mário Covas inaugurou duas pistas marginais, também na região de Barueri, e uma ampla praça de pedágios, o que gerou manifestações de protestos de moradores e outros usuários da estrada. Essa expansão aliviou temporariamente os engarrafamentos, mas também estimulou o crescimento da demanda: com as pistas livres, moradores e trabalhadores sentiram-se encorajados a usar seus carros particulares. Assim, já por volta de 2006, em alguns horários, os motoristas perdiam 40 a 50 minutos para percorrer um trecho de apenas 3 km. E já naquela época, a solução apontada era a extensão das pistas marginais.

 

Enfim, pistas atraem mais carros, que pedem mais pistas, com mais carros, mais pistas...carros, em um ciclo vicioso que se reproduz em cidades de todo o Brasil. 

 

Um caminho mais sustentável passa inevitavelmente pelo transporte coletivo de qualidade. Por que não investir, por exemplo,  em uma nova linha de trens, rápidos e confortáveis que façam a ligação entre os bairros e municípios da região com a capital? Onde estão os projetos dos trens intercidades eternamente prometidos por sucessivos governadores paulistas?

 

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