O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (7) que está disposto a congelar as tarifas de ônibus, trem e metrô na capital paulista em 2023. Segundo ele, as negociações estão em andamento com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que seria entusiasta da medida.
"Acho uma coisa muito viável. É questão de acertar o tamanho do subsídio, mas acho muito viável de acontecer", disse Freitas. O valor das tarifas de cada meio de transporte é de R$ 4,40 atualmente.
Gratuidade
Em relação a uma possível implantação da tarifa zero, por outro lado, Tarcísio diz que a ideia é difícil e desafiadora, mas será debatida. Um estudo sobre a viabilidade da gratuidade no transporte público é conduzido na capital a pedido do prefeito.
"[Estaremos] abertos para discutir isso com a prefeitura, e temos sido parceiros nisso. Só que eu vejo uma dificuldade financeira de isso se sustentar", afirmou, acrescentando que seria necessário aplicar a tarifa zero aos três modais ao mesmo tempo.
Na tarde desta quarta-feira, Nunes falou à reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre "esforço para manter" as tarifas congeladas e disse que o tema será debatido com Tarcísio nos próximos dias. "Teremos uma reunião na semana que vem com algumas pautas e essa será uma delas. Faremos esforço para manter."
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação da prefeitura afirmou que "a atual gestão não considera essa política [congelamento da tarifa] um gasto, mas sim um investimento com resultados sociais positivos".
Informou, ainda, que a manutenção do valor da passagem tem sido possível pela aplicação de subsídios aos custos do transporte. "É importante ressaltar que o subsídio não é destinado às empresas prestadoras de serviço, mas ao sistema de transporte coletivo."
Publicamente, o prefeito não descarta aumentar o valor da tarifa de ônibus no ano que vem. O reajuste não foi aplicado em 2022 para não prejudicar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na corrida eleitoral em outubro.
Segundo cálculos da SPTrans, atualmente já existe uma diferença entre o valor da passagem definido pela prefeitura (R$ 4,40 desde janeiro de 2020) e o seu custo, de R$ 7,96. Para amenizar de alguma forma esse impacto no bolso do cidadão, a prefeitura repassa às empresas de ônibus um subsídio, renomeado como tarifa de remuneração.
A gestão Nunes transferiu R$ 4,6 bilhões neste ano —em 2021, o repasse foi de R$ 3,3 bilhões. O valor, contudo, é considerado insuficiente entre os empresários do setor.
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