Señoritas lança plataforma digital própria para valorizar trabalhadoras

Nova plataforma foi criada pelas trabalhadoras ciclistas em parceria com Unicamp e MTST, como alternativa à "uberização" do trabalho, explicam os criadores da plataforma

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Fonte: Señoritas / Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 06 de maio de 2024

Banner do Señoritas Courier

Señoritas Courier: ciclologística, agora com apoio digital

créditos: Reprodução/ Señoritas Courier

Nesta quinta-feira (9), a cooperativa Señoritas Courier vai lançar uma nova ferramenta digital para organizar o trabalho das ciclistas associadas, que fazem as entregas de mercadorias em São Paulo. Conforme o texto divulgado, a plataforma Señoritas nasceu para ser uma alternativa à chamada "uberização" e para garantir melhores condições de trabalho e renda às trabalhadoras associadas.


Para quem não sabe, a cooperativa Señoritas Courier é formada por mulheres e pessoas trans. Surgiu como coletivo em 2017 e levou sete anos até se consolidar juridicamente como cooperativa. Desde 2021, está inserida na pauta sobre cooperativismo de plataforma, criando projetos envolvendo bicicletas, logística, cultura e tecnologia, com a finalidade de gerar renda e dignidade para cicloentregadoras e cicloentregadores.


A nova plataforma Señoritas foi desenvolvida em parceria com o Núcleo de Tecnologia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp.

Uma das inovações da plataforma foi a construção de um algoritmo que contou com a participação efetiva das entregadoras no processo de seu desenvolvimento. O pesquisador Gustavo Nicolau, da Unicamp, explica que o processo de construção de rotas da cooperativa Señoritas Courier foi moldado por experiências das trabalhadoras. “É uma tecnologia desenvolvida a partir de uma cultura de cuidado, cultivada ao longo dos anos de coletividade. O algoritmo de rotas tem como objetivo capturar essas nuances e oferecer suporte às atividades diárias, sem substituí-las ou comprometer sua identidade”, explica o pesquisador. Para ele, a tecnologia nunca deve estar acima das necessidades das pessoas.


Ineditismo
De acordo com Alexandre Boava, do MTST: “as tecnologias digitais, do modo como são aplicadas pelas principais plataformas de trabalho, servem geralmente para ganhar mercados e capitais, mas não para melhorar a vida de trabalhadores. "A plataforma Señoritas demonstra que é possível encarar as tecnologias de outras formas, criando ferramentas feitas por e para pessoas trabalhadoras”, pontua.


Rafael Grohmann, professor da Universidade de Toronto, lembra que no mundo já existem muitas plataformas construídas por trabalhadores, mas explica que são raros  os movimentos de intercooperação como o da Señoritas, envolvendo um movimento social, uma cooperativa e as universidades”.


Aline Os, fundadora e trabalhadora da cooperativa avalia que a criação da nova plataforma “é um marco fundamental para a economia solidária popular, que se aproximou da tecnologia da informação sem deixar de respeitar a tecnologia ancestral de grupos minorizados... É a prova de que trabalhadoras e trabalhadores não querem atuar apenas como usuários das plataformas, mas que podem contribuir diretamente na construção da ferramenta, gerando algoritmos mais justos e saudáveis”.



Serviço:
Evento de lançamento da plataforma Señoritas
Quando: 9 de maio, quinta-feira, às 18h30
Onde: Al Janiah, rua Rui Barbosa, 269
 Bela Vista - São Paulo
Entrada gratuita


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