Paulistanos correm para atravessar as ruas

Tempos de travessia das ruas continua apertado para os pedestres, aponta o Instituto Corrida Amiga. Em especial para os "velhinhos", como o editor do Mobilize*

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 30 de maio de 2025

Sinal vermelho para os pedestres em São Paulo

Sinal vermelho para os pedestres em São Paulo

créditos: Marcos Santos / USP Imagens

Dez anos atrás o pessoal do Instituto Corrida Amiga atuava para estimular uma atividade meio esportiva, no caso a corrida, como forma de mobilidade nas cidades. Era uma boa ideia para pessoas jovens ou maduras, que ainda estivessem na plenitude de suas formas físicas.


Caminhante e ciclista convicto, eu também gostava de apressar o passo e correr, quando possível. Os anos passaram e tive que mudar meus hábitos nos últimos meses em razão de problemas de saúde. E, pior, na semana passada fui vítima de um tombo espetacular, fruto da combinação de uma calçada esburacada (culpa da Prefeitura de São Paulo) e do uso do celular enquanto caminhava, no caso por minha  total irresponsabilidade. Agora, ciente desta nova condição de "velhinho", ando mais devagar e de olho nas imperfeições do caminho.


Não estou sozinho: uma pesquisa realizada em 2019 pela Rede Nossa São Paulo indicava que 74% dos paulistanos já haviam sofrido quedas em calçadas. São cerca de 500 acidentes desse tipo por dia, segundo algumas estimativas baseadas em dados de atendimentos hospitalares.

 

Noto também que os tempos dos semáforos de pedestres estão contra mim. Mal inicio a travessia das ruas, a luz vermelha já começa a piscar, indicando que devo andar mais depressa, o que nem sempre é possível e muitas vezes é perigoso.


Hoje, sexta-feira (30), por  coincidência, recebi um relatório do Corrida Amiga sobre os resultados da campanha Travessia Cilada, que mediu os tempos semafóricos na capital paulista em 2024. No texto, a incansável Sílvia Stuchi lembra que em matéria divulgada no contexto do Maio Amarelo, a CET/SP afirmava ter ajustado todos os semáforos considerados críticos na campanha de 2024.


Não foi bem assim. Em resposta, a equipe do Instituto organizou uma nova verificação, entre os dias 26 e 29 de maio, para checar as mudanças anunciadas pela Prefeitura. Visitaram 25 travessias e os resultados mostram que, apesar de algumas melhorias, a maioria dos semáforos ainda apresenta riscos graves para quem anda a pé.


Principais achados:

u 44% dos semáforos ainda oferecem somente 4 a 5 segundos de tempo verde.

u O tempo médio de luz verde subiu de 4,7s (2024) para 5,8s (2025), um ganho de apenas 1 segundo.

u Os tempos médios de espera melhoraram, mas mais da metade das travessias exige que o pedestre tenha paciência e espere mais de 90 segundos.

u Apenas 20% do semáforos garantem tempo adequado para idosos

u 90% dos semáforos não atendem a crianças e pessoas com deficiência.

u Mesmo com a velocidade de 1,2 m/s (critério da CET), só 40% das travessias são seguras.

u Há travessias com condição gravíssima, exigindo que as pessoas caminhem 3 vezes mais rápido do que o recomendado para crianças ou idosos.



Com esses dados em mãos, recorremos novamente à CET/SP: correr é um bom exercício. Mas nunca na travessia de avenidas largas, com motoristas e motociclistas roncando seus motores. Afinal, pelas leis os pedestres têm prioridade absoluta no trânsito. Poderiam nos dar mais um tempinho de sinal verde?


Para saber mais sobre a pesquisa do Corrida Amiga, acesse https://bit.ly/travessiacilada2025


*Marcos de Sousa, 70, é jornalista e editor do Mobilize Brasil


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