O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou em junho a construção de duas novas pontes na região do Lago Sul. Cada nova obra como essa, cada novo viaduto que o governo anuncia, só reforça o rodoviarismo, o velho modelo de transporte voltado ao "rei automóvel".
Desde 2019, o atual governo vem acumulando grandes obras de túneis e viadutos a um custo elevado. As notícias oficiais enaltecem o número de motoristas beneficiados: viaduto do Jardim Botânico (R$ 33,5 milhões, 50 mil motoristas beneficiados); trevo rodoviário entre o Sudoeste e o Parque da Cidade (R$ 27 milhões, 50 mil motoristas beneficiados); túnel de Taguatinga (R$ 275 milhões, mais de 137 mil motoristas beneficiados). As novas pontes no Lago Sul custariam a "bagatela" de R$ 1,7 bilhão.
Enquanto isso, quem se desloca sem carro continua prejudicado na mobilidade. A W3 Norte permanece uma via em total abandono, com calçadas que parecem ter sido alvo de um bombardeio. As crateras e a falta de rampas impedem o livre caminhar na área central (nas áreas afastadas a situação é ainda pior).

Uma das muitas crateras avantajadas na W3 Norte Foto: Uirá Lourenço
Outro grave problema são as travessias. Apenas para mencionar dois trechos críticos, e sem qualquer providência das autoridades: o temido TTN ("Terrível Trevo Norte"), no final da Asa Norte, e a via de acesso à ponte JK, ambos com alto limite de velocidade (80 km/h) e sem local de travessia para os pedestres.
E o que dizer da falta de calçadas, um passivo que se arrasta por décadas? Os "caminhos de rato" (linhas de desejo), rastros deixados por pedestres e ciclistas, são uma marca registrada da Capital Federal.
O cenário atual é desanimador no DF: frota de 1,7 milhão de automóveis para uma população de 3,1 milhões. Pistas entupidas, estacionamentos com carros transbordando, canteiros e calçadas que acabam virando estacionamento. Essa é uma realidade que se agrava com as grandes obras: mais pistas e viadutos incentivam mais pessoas a usarem carro e não leva muito tempo para novamente saturar as vias e os estacionamentos. Costuma-se dizer que novos viadutos são atalhos para congestionamentos.
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