Ciclovias protegidas - no Brasil também se diz segmentadas - são infraestruturas cicloviárias fisicamente separadas do tráfego motorizado por meio-fios, barreiras, vegetação ou estacionamento de veículos. Esse tipo de faixa reduz o risco de colisões e o nível de estresse percebido pelos ciclistas.
Quando se investe em estruturas assim e em trajetos seguros para quem pedala, o número daqueles que escolhem a bicicleta para se deslocar aumenta muito. É o que aponta uma nova pesquisa liderada por Nicholas Ferenchak, da Escola de Engenharia da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos.
O estudo, publicado em artigo na revista científica Nature, revela que ciclovias protegidas levam quase o dobro de ciclistas em comparação às ciclovias padrão. O universo do estudo foi bem abrangente: foram analisados mais de 14 mil quarteirões em 28 cidades norte-americanas ao longo de seis anos.
“Cidades que buscam impulsionar o modo de deslocamento por bicicleta devem se concentrar na implementação de instalações de baixo estresse se quiserem atender melhor à população em potencial que pode ganhar mais confiança em pedalar”, observa Ferenchak. Além de professor de engenharia civil na Universidade do Novo México, ele dirige o Centro de Segurança de Pedestres e Ciclistas.
Nick, como é conhecido, e Wesley Marshall, professor de engenharia civil da Universidade do Colorado em Denver e coautor do artigo afirmam que a pesquisa mostrou que cerca de 1,8 vez mais ciclistas utilizavam as ciclovias protegidas do que as convencionais. Esse número saltou para 4,3 vezes mais quando comparado a quarteirões sem ciclovias.
Ferenchak afirma que as descobertas também servem para confirmar o uso da ferramenta de planejamento “Nível de Estresse no Tráfego de Bicicletas”, que engenheiros adotam para determinar qual a melhor infraestrutura viária a ciclistas de diferentes níveis de experiência e idades. Quanto menos estresse uma área causar aos ciclistas, mais pessoas a utilizarão, resume o especialista.
A pesquisa
Ao comparar diferentes estruturas de ciclovias, os pesquisadores examinaram inicialmente cidades que tinham mais do que o dobro da média nacional de ciclistas, utilizando estimativas quinquenais da Pesquisa da Comunidade Americana. Quatorze cidades com altos índices de ciclistas foram pareadas com cidades com área geográfica, função, clima e tamanho populacional semelhantes, mas com um número muito menor de ciclistas.
Também estudaram mapas de ciclovias e entrevistaram funcionários das cidades. Em seguida, classificaram grupos de quarteirões por tipo de infraestrutura cicloviária e a quilometragem de cada tipo. Por fim, chegaram à conclusão que ciclovias padrão tiveram aumento no número de ciclistas em comparação com ruas sem infraestrutura para bicicletas. Mas principalmente concluíram que ciclovias protegidas incentivaram ainda mais pessoas a optar pela bicicleta ao invés de caminhar, dirigir ou usar o transporte público.
A pesquisa mostra aquilo que muitos pedalantes, aqui e no exterior, já constataram: as faixas protegidas atraem mais ciclistas, e são particularmente eficazes em incentivar pessoas que, de outra forma, hesitariam em enfrentar o pedal em ambientes urbanos onde a primazia das políticas públicas é o carro, e o trânsito costuma ser impiedoso com os mais vulneráveis.

Elevada e protegida, ciclovia da Av. Paulista é bom exemplo Foto: Prefeitura de SP
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