A Kellanova, fabricante de guloseimas com marcas icônicas, como Sucrilhos e Pringles, realizou com sucesso a primeira bateria de testes com o transporte de produtos pela navegação de cabotagem na região de Manaus (AM).
A experiência foi iniciada em março de 2025, com duas companhias de navegação que transportaram a média de oito cargas por mês. Durante o período, a empresa deixou de utilizar o modelo rodoviário para atender a região Norte do país.
Segundo a nota divulgada pela Kellanova, serão economizados ao dia 35 rotas de caminhões, com redução de 364 kg de CO2, que ao mês representam 8.736 kg e, anualmente, 100.564 kg. Considerando a localização e as especificidades desta operação, os técnicos da Kellanova estudam estrategicamente quais as rotas viáveis disponíveis na cabotagem, seja devido aos custos ou à complexidade operacional.
A empresa não é a primeira a experimentar a cabotagem para transporte de alimentos. Antes, em 2023, a Mondelez Brasil, dona de marcas como Bis, Oreo, Trident e Tang, havia iniciado uma experiência em parceria com a Aliança Navegação e Logística para transportar suas cargas entre as regiões brasileiras, em longos percursos.
A Mondelez procura consolidar uma transição do “puro rodoviário” no transporte de matérias, aderindo ao modelo de cabotagem integrado aos demais meios para o transporte de insumos e também dos produtos acabados. O objetivo seria reduzir os custos logísticos na ordem de 20% em cerca de 12 meses, com previsões de aumento de fluxo neste ano. Produtos como Club Social, Oreo, Trakinas e Chocolicia estão sendo movimentados, via transporte marítimo, de Vitória de Santo Antão (PE) para Louveira (SP) e São José dos Pinhais (PR).
Transporte de produto da Mondelez chega ao porto Chibatão, em Manaus Foto: Divulgação
O que é cabotagem
A cabotagem é o transporte de cargas ou passageiros entre portos marítimos ou fluviais do mesmo país. No caso, a Kellanova aproveitou a malha fluvial na região para realizar o transporte entre localidades próximas à capital amazonense. Hoje o Brasil tem 12.000 km de hidrovia navegáveis, com o potencial de alcançar 42.000 km, conforme ao planos do Novo PAC de 2025.
O transporte por cabotagem é mais seguro, econômico e emite, pelo menos, quatro vezes menos CO2 do que o transporte rodoviário de carga, segundo a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac). Além disso, conforme a mesma entidade, contribui para o desenvolvimento da indústria naval do país, permitindo também o incremento do transporte de passageiros. Um entrave importante pode ser a redução do calado dos rios amazônicos nos períodos de seca, agora agravados pelas mudanças climáticas.
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