Belém do Pará: Sem ônibus, população apela para longas caminhadas

No bairro do Tapanã, algumas ruas como a do Ranário e a passagem Olaria são distantes da rua principal, na qual os ônibus passam.

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 |  Autor: Diário do Pará  |  Postado em: 15 de julho de 2011

Muitas dificuldades na trav. Ranário

Muitas dificuldades na trav. Ranário

créditos: Adauto Rodrigues

Uma caminhada de quase 20 minutos no sol até a parada de ônibus mais próxima. Essa é a rotina de Joel Vieira, 20, autônomo. Joel faz a jornada a pé até o ponto todas as manhãs para chegar ao trabalho. E quando retorna, tem de enfrentar o mesmo caminho, só que com um agravante: o perigo.

Morador da Travessa da Olaria, no bairro do Tapanã, Joel lamenta: “Nunca vi ônibus passando por aqui, e olha que a rua já está asfaltada há alguns meses. Dou essa ‘pernada’ todos os dias. Acho ruim, seria bom se ao menos as vans fossem até o final da rua”. Em pontos mais distantes do centro da cidade, a população ainda sofre com a escassa ou nenhuma estrutura de transporte público - além da dificuldade para conseguir condução, as longas distâncias percorridas são propícias à violência e riscos de assaltos.

No bairro do Tapanã, algumas ruas como a do Ranário e a passagem Olaria são distantes da rua principal, na qual os ônibus passam. O autônomo Luciel Moreira, que também é morador da passagem da Olaria, conta que demorava tanto tempo para chegar ao ponto de ônibus que acabou se acostumando a locomover-se apenas com a bicicleta, “já nem pego ônibus, saio sempre pedalando ou a pé mesmo. Nem sei dizer o preço da passagem”, comenta Luciel.

Já no bairro da Castanheira, às proximidades do Lago Bolonha, quem quer pegar um ônibus tem duas opções: caminhar até o começo da João Paulo II para pegar a única linha de ônibus que vai até ali, João Paulo II/ Ver-O-Peso, ou caminhar cerca de 3 quilômetros até a BR- 316, onde há variedade de transportes. “Hoje somos privilegiados. Antes, além de não ter a João Paulo II, também não tinha asfalto”, lembra o estudante Ederson Borges, 20, que mora na última rua antes do muro da reserva Bolonha, na passagem Otil.

Não chega a ser privilégio. Éderson fala que mesmo com o prolongamento da Avenida João Paulo II, a situação dos moradores não está muito melhor. “Quando a gente vem, por exemplo, de Icoaraci ou Ananindeua, desce na BR e tem que pegar um mototaxi”, diz. Éderson reclama que além da João Paulo II, que termina na rua jardim Anabiju, apenas as ruas com maior trânsito de carros são asfaltadas. As outras, justamente pela ausência do asfalto, acabam tendo pouco fluxo, deixando o local deserto. “Aí quem trabalha para o tráfico aproveita pra quebrar os postes e deixar as ruas ainda mais escuras para poder fazer as negociações. Olha, é um perigo”, conta o morador.

MOTOTAXISTAS

Com a falta de transporte em regiões mais isoladas e distantes, quem sai ganhando são os mototaxistas, que cobram em média R$ 2 reais para conduzir passageiros a locais próximos. “Para a gente é uma boa, dá pra garantir uns bons trocados no final do dia”, diz Carlos Silva, mototaxista. Carlos diz que quando a corrida é mais longa, costuma cobrar mais caro, cerca de R$ 5 reais. Mas ressalta que também trabalha sob o medo. “Quando é muito longe ou muito tarde não pego não, não me meto em lugares em que não conheço a malandragem” revela.

CTBEL

A redação tentou por diversas vezes entrar em contato com a Companhia de Transportes de Belém para saber como é feita a distribuição das rotas, se há possibilidade de alteração das mesmas e quais as medidas possíveis para suprir a necessidade de transportes em locais de difícil acesso ou estrutura. No entanto, o diretor de transportes da Companhia, Paulo Serra não atendeu ou retornou às ligações.

 


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