Depoimento: São necessários dois dias para visitar a Bienal de metrô e ônibus

Três repórteres, três trajetos, três meios diferentes: carro, transporte público e bicicleta

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Marcos Grinspum Ferraz  |  Postado em: 10 de setembro de 2012

O repórter Marcos Dávila

O repórter Marcos Dávila

créditos: Simon Plestenjak/Folhapress

 

Na última sexta-feira, primeiro dia da 30ª Bienal para a visitação pública, a Folhavisitou os pontos do evento fora do pavilhão do parque Ibirapuera.

 

DE TRANSPORTE COLETIVO

Aqui, o trio relata suas impressões, das quais duas conclusões sobressaem: mesmo em feriado de sol, é impossível cobrir tudo se não se viaja em automóvel. E, se for ao Masp, vá com tempo para ver também a exposição de Caravaggio, pois a fila é única --e longa.

 

Um texto que exige do repórter percorrer em um dia oito pontos da cidade (espalhados por três regiões), apenas usando ônibus, metrô (e as próprias pernas), poderia estar no caderno "Cotidiano". Daria uma boa discussão sobre as carências do sistema municipal de transporte.

 

Mas, como o assunto é artes plásticas --os oito pontos abrigam as obras da Bienal--, e a pauta é para a "Ilustrada", fica a dica para o leitor que pretende encarar uma empreitada como essa: leve um MP3 cheio e um bom livro. O trajeto vai ser demorado.

 

Às 8h30, em frente ao cemitério da Lapa, começa a viagem. Até o fim do dia seriam cinco ônibus, três metrôs e cerca de seis quilômetros de caminhada, em dez horas. O primeiro ponto de parada é a Casa do Bandeirante, que abriga a obra de Hugo Canoilas. Dali, sigo para a estação da Luz --a escultura de Charlotte Posenenske quase não é notada por alguns transeuntes, mas em outros gera grande curiosidade.

 

Mais um metrô até a Consolação e uma caminhada até a Faap, e, às 11h15, ocorre o primeiro erro de reportagem. O museu da faculdade abre às 13h no feriado, e não às 10h, como em uma sexta comum. Fico de fora: paciência.

 

Mas paciência mesmo é o que se precisa para pegar o ônibus seguinte, do Pacaembu à Paulista. A consolação para 40 minutos de espera são os grafites assinados por Treco no local, que fazem dali um ponto paralelo ao circuito de artes da cidade.

 

No Masp, a fila de uma hora atrasa mais os planos do dia. Ali, as obras da Bienal estão integradas à exposição permanente e só valem a visita para quem quer ver o resto do museu. Afinal, por que pagar R$ 15 para ver a obra de dois artistas quando se tem outros cem expostos gratuitamente no pavilhão?

 

Sigo para o Ibirapuera, para pegar a van que abriga a obra sonora de Leandro Tartaglia e leva até a Capela do Morumbi, onde está a instalação de Maryanne Amacher.

 

Às 17h30, de volta ao parque, faltava apenas a visita à Casa Modernista, que fechava às 18h. Mas, claro, 30 minutos não bastariam para ir de ônibus até o local, que abriga obras de Sergei Tcherepnin e Ei Arakawa.

 

Vindos de Boston (EUA) e Iwaki (Japão), os dois certamente estranhariam o fato de seu trabalho não ser visto por questões de transporte urbano. Mas aqui é São Paulo.

 

Após mais uma hora e dois ônibus, chego à minha casa com duas conclusões: no feriado, o metrô funciona, mas esperar ônibus passar é teste de paciência; logo, é preciso reservar dois dias para fazer o circuito da Bienal pela cidade em transporte público.

 

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