Transporte sustentável é destaque no 'relatório verde' da Copa na África

De acordo com o documento, o legado de transporte e mobilidade urbana deve ser planejado com coerência e antecedência por ser um dos mais importantes para as cidades-sede

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Fonte: The City Fix Brasil  |  Autor: Maria Fernanda Cavalcanti  |  Postado em: 17 de outubro de 2012

Estação do BRT Rea Vaya, em Joanesburgo, África do

Estação do BRT Rea Vaya, em Johanesburgo, África do Sul

créditos: Pluge Blog

 

À medida que a Copa do Mundo e as Olimpíadas se aproximam no país, o PNUMA – Programa da ONU para o Meio Ambiente prepara o terreno para garantir que os eventos sejam ecologicamente mais responsáveis. Na semana passada (09/10), o Programa lançou um relatório sobre o desempenho ambiental da Copa na África do Sul, destacando os casos de sucessos e as lições que devem ser aprendidas para garantir a sustentabilidade dos eventos esportivos no Brasil. Um dos pontos de destaque foi o investimento em transporte público e ciclovias na capital sul-africana.

 

De acordo com o relatório, o legado de transporte e mobilidade urbana deve ser planejado com coerência e antecedência por ser um dos mais importantes para as cidades-sede. Em Johanesburgo, foram construídos 94 km de Bus Rapid Transit (BRT), que fazem parte do grande projeto do sistema Rea Vaya. Além disso, foram criadas outras redes semelhantes, ciclovias, sistemas de transporte coletivo e passarelas na baía Nelson Mandela, Nelspruit, Polokwane, Rustemburgo e Bloemfontein.

 

Também há destaque para o investimento na eficiência energética e valorização de espaços públicos, como ruas e praças. A Cidade do Cabo, por exemplo, aperfeiçoou a iluminação urbana com lâmpadas de baixo consumo e semáforos de LED para baixar emissões. O estádio Moses Mabhida, em Durban, também incorporou iluminação inteligente em eficiência energética como parte do seu Sistema de Gestão de Edifícios para reduzir o uso de energia em 30%, enquanto o Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, utilizou sistemas de ventilação natural para reduzir o consumo de energia.

 

Moses Mabhida Stadium, Durban. (Foto: Design Inspiration)

 

Na cidade de Durban também houve compensação da pegada de carbono com o plantio de 104 mil árvores. Além disso, houve reaproveitamento de materiais dos estádios antigos para a construção dos novos, que foram feitos a partir de um conceito de arquitetura sustentável – com aproveitamento de águas pluviais e sistemas de despejo de lixo inteligentes.

 

A avaliação final do relatório mostra que a pegada de carbono da Copa do Mundo de 2010 foi de 1,65 milhão de toneladas de CO2 equivalente, que pode ser comparada à projeção de 2,64 milhões de toneladas. A taxa foi bem menor do que a prevista, devido ao número de visitantes – que foi menor do que o esperado –, aos esquemas de carona e às alternativas eficientes de estadia.

 

Sugestões e acordo com o Brasil

Mesmo sabendo que o impacto da Copa na África foi menor do que o previsto, o PNUMA acredita que os futuros eventos que serão realizados no Brasil podem atingir números ainda mais satisfatórios no quesito ambiental. “O relatório aponta muitas iniciativas exemplares, mas talvez a descoberta mais importante é que a África do Sul poderia ter obtido conquistas maiores se as medidas de sustentabilidade tivessem sido pensadas mais cedo e não no último momento”, disse o Subsecretário-Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner. “Assim, o estudo mostra que a realização do pleno potencial de esverdeamento desses torneios se torna mais possível se a sustentabilidade é levada em conta desde o início, durante o planejamento, elaboração do projeto e construção”.

 

Em Brasília, o relatório já foi apresentado a representantes do Governo, da Fifa e do Comitê Olímpico no intuito de buscar medidas concretas para tornar mais “verdes” os dois próximos megaeventos esportivos que acontecem no país. A boa notícia é que o governo brasileiro assinou um acordo de compromisso com o PNUMA em busca deste objetivo.

 

Principais recomendações ambientais no documento:

  • Devido ao fato de a omissão de considerações ambientais ser uma das 17 garantias da Fifa para sediar a Copa do Mundo, o esforço investido em gestão ambiental não é suficiente. Essa questão merece séria consideração por parte da FIFA.
  • Diretrizes ambientais, inclusive para as cidades-sede, devem ser claras e legalmente vinculantes. Práticas específicas devem ser inegociáveis, mensuráveis e ter o respaldo da lei.
  • A Fifa deve considerar compensar sua própria pegada de carbono e incentivar seus parceiros a fazer o mesmo.
  • interessadas na ‘ecologização’ do evento.
  • Oportunidades de financiamento de iniciativas ambientais devem ser exploradas mais cedo para evitar situações em que os programas planejados não foram implementados devido à falta de fundos; o comitê organizador deve alocar mais recursos para iniciativas ecológicas.
  • Geração de dados ambientais é importante para a avaliação. A ausência de dados ambientais da Copa da África do Sul tornou difícil avaliar. É essencial um compromisso por escrito e publicamente declarado por todas as partes o impacto de suas iniciativas.


Clique aqui para baixar o relatório completo.

Fonte: PNUMA / ONU


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