Procura por transporte hidroviário de Porto Alegre supera expectativa

Os moradores de Porto Alegre e Guaíba aguardaram por 50 anos pela reinauguração da linha hidroviária entre as duas cidades

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 |  Autor: Manadrim Comunicações  |  Postado em: 08 de novembro de 2011

transporte hidroviário

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créditos: Mandarim

 E parece que, nos primeiros 10 dias de operação da travessia fluvial, reaberta no último dia 28, a população está aproveitando para recuperar o tempo perdido. Em 10 dias, mais de 20 mil pessoas já cruzaram o Guaíba dentro dos novos catamarãs, um público que havia sido projetado para os primeiros seis meses do serviço segundo a empresa responsável pela travessia.


“É surpreendente. Havia uma demanda carente para conhecer o rio e também temos a fidelidade da população de Guaíba”, explica Carlos Augusto Bernaud, diretor de operações da CatSul, empresa vencedora da licitação que concedeu licença para exploração do serviço. Somente no último final de semana, cerca de 5 mil pessoas realizaram a travessia pelas águas, praticamente lotando todas as frequências dos dois catamarãs que se revezam para cumprir o trajeto de 20 minutos entre a região do Mercado Público de Porto Alegre e o centro de Guaíba. “Se tivéssemos mais mil lugares, venderíamos todos”, afirma Bernaud. A empresa já ampliou a frequência de final de semana e estuda incluir uma nova parada próximo ao BarraShoppingSul em alguns horários, atendendo a pedidos da população de Guaíba que vai a Porto Alegre para fazer compras. Com a possível nova escala, os passageiros terão acesso fácil ao transporte público para a Zona Sul, para o museu da Fundação Iberê Camargo e estarão a apenas 2km do estádio Beira-Rio.


A travessia fluvial pode estar sendo beneficiada por dois eventos que estão atraindo público para o antigo cais do porto da capital gaúcha: a 8ª Bienal do Mercosul e a 57ª Feira do Livro de Porto Alegre. Com programação simultânea prevista para os armazéns do cais desativado, a Bienal e a Feira estão contribuindo para reaproximar a população das águas do Guaíba. Num trecho de pouco menos de 1km do lado de dentro do Muro do Mauá (proteção contra enchentes que, na prática, esconde o Guaíba da cidade), os eventos e o novo pier do catamarã Porto Alegre-Guaíba estão movimentando uma região de Porto Alegre com grande potencial turístico que passa o restante do ano inacessível à população (uma parceria público-privada já está acertada para revitalizar a área e transformá-la em espaços de lazer até a Copa de 2014). Até 1960, moradores de Porto Alegre e Guaíba, cidades separadas pelas águas do lago, estavam acostumados a se deslocar até o cais para utilizar as barcas. O serviço foi desativado por falta de procura, no entanto, quando a ponte sobre o Guaíba, inaugurada em 1958, passou a ser a opção preferencial. Com a travessia asfaltada, os centros das cidades ficaram ligados por uma distância de 31,3km. Hoje, no entanto, a ponte está saturada e provoca congestionamentos que tornaram o tempo de viagem incerto, o que já levou a presidente Dilma Rousseff a prometer a construção de uma segunda ponte sobre o lago.


O pesado tráfego entre as cidades, que prejudica principalmente os moradores de Guaíba que trabalham em Porto Alegre, levou ao retorno às águas no ano passado, quando o governo do Estado lançou concorrência para a volta do serviço. Inicialmente, imaginou-se que a ligação fluvial teria mais procura nos dias de semana para atender aos trabalhadores, e a programação inicial previa saídas de hora em hora entre 6h e 19h30 nos dias semana e horários reduzidos no sábado e domingo. Mas a possibilidade de ver a cidade de um novo ângulo entusiasmou a população e a empresa ampliou o horário dos finais de semana, que agora também saem de hora em hora. “A demanda de turismo nos pegou de surpresa. Mas estamos bem satisfeitos”, explica o diretor da CatSul. A viagem leva cerca de 22 minutos em cada trecho.


O bilhete custa R$ 7, mas, até o final de novembro, terá preço promocional de R$ 6 em dias de semana (a tarifa de ônibus entre as cidade é de R$ 4,85). Como a procura é grande, recomenda-se que a compra seja feita com antecedência, dentro de um limite de até 30 dias imposto pela empresa. Como os tíquetes não são vendidos por telefone ou pela internet, é necessário ir até os terminais hidroviários para adquirí-los. O Portal da Copa embarcou às 15h desta segunda-feira com destino à Guaíba no catamarã Ana Terra que, junto do Carlos Nobre, transporta até 120 passageiros por trecho. A sala de espera é confortável e lembra uma área de embarque de aeroporto, com ar condicionado, banheiros e cadeiras confortáveis. A CatSul investiu R$ 7 milhões nos catamarãs e na infra-estrutura do serviço. Dentro da embarcação, o passageiro que sentar do lado esquerdo terá uma bela vista de Porto Alegre (na volta, a cidade está do lado direito). Desde o Mercado Público, o viajante pode observar alguns pontos turísticos da capital gaúcha, como o Cais Mauá, a Usina do Gasômetro, a Igreja das Dores e o estádio Beira-Rio. O ambiente é climatizado, limpo e conta com dois marinheiros (seriam hidromoços?) para auxiliar os passageiros. Itens de segurança como coletes salva-vidas tem fácil acesso. No início da viagem, um vídeo traz algumas informações de segurança e sobre a embarcação. Mesmo no meio do Guaíba, o sinal de telefonia 3G é alto. Os catamarãs possuem até uma área de estacionamento de bicicletas na parte externa, mas nenhum passageiro utilizou o espaço na ida ou na volta.


Por enquanto, o sistema está agradando principalmente aos moradores de Guaíba, uma cidade de cerca de 95 mil habitantes, que dependem de viagens à capital gaúcha para realizar uma série de atividades. Passageiros como a dona de casa Iris Leão comemoravam a volta do serviço na tarde de segunda-feira. “Este ano, vai ser mais fácil carregar as compras de Natal”, disse. Iris preferiu não informar a idade. Disse apenas que conheceu as barcas utilizadas 50 anos atrás. E, na sua primeira viagem da nova travessia, aprovou a volta do transporte público sobre as águas.


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Comentários

Eliezer Muniz (Neka) - 11 de Novembro de 2011 às 18:02 Positivo 0 Negativo 0

Ou seja, a população pagou o mico de ficar cinquanta anos nas mãos do cartél das empresas de onibus::/; é isso produção?

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