A PK9 Tecnologia e Serviços Ltda continuou contratada pela Prefeitura de Mauá para prestar serviço de bilhetagem eletrônica mesmo depois do encerramento da licitação do transporte público de 2014, que exigia da vencedora instituir e administrar remodelada estrutura de cobrança digital. Dados do Portal da Transparência mostram que o governo de Mauá empenhou receita no dia 5 de janeiro e no dia 28 de maio deste ano, com a Suzantur, empresa que triunfou no certame, já operando na cidade. São dois pagamentos reservados à PK9, que totalizam R$ 3,1 milhões (um de R$ 1,92 milhão e outro de R$ 1,2 milhão).
O anexo 13 do edital exige da concessionária, no caso a Suzantur, que ela é que deve apresentar “solução segura e confiável para o sistema de bilhetagem automática. “A licitante vencedora deverá utilizar os softwares e todos os equipamentos necessários ao bom funcionamento do sistema de bilhetagem eletrônica em operação no sistema de transporte coletivo no município de Mauá”, adiciona a Secretaria de Mobilidade Urbana na formatação das regras do processo licitatório.
Na prática, a Suzantur poderia subcontratar empresa para implementar o sistema de bilhetagem eletrônica, desde que arcasse com esses custos. Mas, conforme dados do Portal da Transparência, é a Prefeitura que deposita para a PK9 fazer um serviço concedido à Suzantur. No site da administração mauaense, os pagamentos à PK9 são descritos para “aditamento contratual referente à contratação de empresa para venda de créditos e cartões eletrônicos, gerenciamento e repartição da receita do sistema de transporte coletivo municipal”. Ainda no portal, a empresa tem a receber do Paço de Mauá – dos R$ 3,1 milhões lançados no sistema neste ano, R$ 2,4 milhões foram depositados à firma.
Procurada pela equipe do Diário, a Prefeitura informou que não seria possível elucidar o caso porque a pessoa responsável pela área estava em agenda externa. A Suzantur, cujo dono é Claudinei Brogliato, chegou a Mauá por meio de polêmico contrato emergencial, em 2013. À época, a administração municipal rompeu convênio com as antigas operadoras do sistema, a Viação Cidade de Mauá e a Leblon, acusando-as de invasão justamente na estrutura digital de bilhetagem.
O descredenciamento das companhias fez com que o Paço lançasse licitação para admitir concessionária do transporte público, concorrência essa vencida pela Suzantur por R$ 6,2 milhões por dez anos – período prorrogável por mais uma década. Na semana passada, Brogliato virou procurador da Expresso Guarará, uma das operadoras de ônibus em Santo André. O dono da Suzantur foi contratado pela Guarará para solucionar impasse financeiro e jurídico da firma andreense, que tem dívida milionária com a SATrans, empresa pública que gere o transporte de Santo André. Também convive com apreensão de veículos por não conseguir honrar pagamento com o banco financiador dos carros.
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