Falta de infraestrutura desestimula ciclistas no Rio, aponta pesquisa

Estudo coordenado pela ONG Transporte Ativo aponta também problemas como a falta de respeito e falta de segurança no trânsito entre as dificuldades para quem pedala

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Fonte: O Globo  |  Autor: O Globo  |  Postado em: 26 de novembro de 2015

Ciclovia da Estrada dos Bandeirantes é exemplo de

Ciclovia da Estrada dos Bandeirantes é exemplo de problemas

créditos: Tânia Rego

 

A falta de infraestrutura cicloviária foi apontada como o principal problema enfrentado pelos ciclistas cariocas em uma pesquisa coordenada pela ONG Transporte Ativo em dez cidades no país. No Rio, foram entrevistadas cerca de 900 pessoas que usam a bicicleta como modal de transporte pelo menos uma vez por semana. Para 46,9% dos entrevistados, mais ciclovias e bicicletários de qualidade em uma rede de transporte integrada podem servir de motivação para que eles possam pedalar ainda mais.

 

— Todo mundo quer infraestrutura cicloviária para se sentir mais seguro. Os dados mostram que, quanto mais infraestrutura, mais as pessoas vão usar bicicletas. Então, se criarem e melhorarem as ciclovias, aumentará muito a demanda. Se já existe uma quantidade grande de pessoas pedalando e dizendo que a infraestrutura é essencial para que elas usem mais, ir por esse caminho é uma boa – destaca o ciclista José Lobo, presidente da Transporte Ativo.

 

Depois da falta de infraestrutura adequada (28,8%), os entrevistados do Rio elegeram o desrespeito dos condutores (26,8%) e a falta de segurança no trânsito (25,6%) como os maiores problemas enfrentados no dia a dia. Assim como no Rio, em todas as cidades onde a pesquisa foi realizada (Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), a falta de segurança no trânsito superou até mesmo a violência nas ruas.

 

— Nosso trânsito é tão cruel que os ciclistas sentem mais medo dele do que de ser assaltado — diz Lobo. Segundo a pesquisa, os ciclistas cariocas são jovens, com uma maior concentração na faixa etária de 25 a 34 anos (28%), seguida pelos grupos de 35 a 44 anos (22%) e de 15 a 24 anos (19%). Os resultados mostram também que, quanto mais alto o nível escolar e o poder aquisitivo, mais baixa é a adesão às bicicletas. O maior percentual de ciclistas entrevistados tem ensino médio: 37,9%. O número cai para 16% entre os que têm ensino superior e despenca para 3,5% entre os que têm pós-graduação. Os que completaram o ensino fundamental formam 27,5%.

 

Já em relação à renda, 59,8% dos entrevistados recebem até três salários mínimos. A menor adesão, com 4,10%, está entre os que recebem mais de dez salários mínimos. Comparado com as outras noves cidades, o Rio fica na terceira posição com mais ciclistas que fazem integração com outros modais (34,8%). Brasília lidera o ranking, com 52,2%, seguida de Niterói, com 41%. — A bicicleta, quando integrada a outro modal, atinge a cidade inteira. Ou seja, é uma solução muito eficiente. Então, ainda temos muito que melhorar. No Brasil, é um número bem baixo: praticamente um em cada quatro usuários está integrando com outro modal. Isso acontece, porque muitas vezes a pessoa não tem a facilidade de estacionar para fazer a integração ou não é possível levar a bicicleta no outro modal. Quanto mais facilidade, mais pessoas vão integrar — comenta Lobo.

 

O estudo buscou traçar o perfil do ciclista brasileiro e suas motivações para utilizar a bicicleta. A pesquisa foi realizada em parceria com o Observatório das Metrópoles, o Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da UFRJ e outras nove organizações que atuam na promoção da bicicleta em suas cidades.

 

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