Mobilidade urbana: o que o prefeito deve fazer?

Bruno André Blume, da UFSC, explica quais as responsabilidades e tudo o que o poder público municipal deve fazer para melhorar a mobilidade

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Fonte: Politize  |  Autor: Bruno André Blume  |  Postado em: 26 de setembro de 2016

Prefeitos devem cuidar do serviço de transporte co

Prefeitos devem cuidar do serviço de transporte coletivo

créditos: Rovena Rosa/ Agência Brasil


O sistema viário é um espaço de constante disputa entre pedestres, automóveis, motos, caminhões, ônibus e bicicletas. Nas grandes cidades, a crise nos transportes é ilustrada diariamente pelos longos congestionamentos. Os congestionamentos custam muito dinheiro, prejudicam a saúde da população e atrapalham o crescimento do país.

 

Mesmo em pequenos municípios existem problemas, ainda que de outra natureza: muitas vezes faltam opções para ir de um ponto ao outro. Desse modo, todas as cidades têm seus desafios para garantir o direito ao transporte, um dos direitos sociais elencados no artigo 6o da Constituição.

 

Veja a seguir o que o poder público municipal precisa fazer em relação a esse tema tão importante:

 

Quais as principais obrigações legais do prefeito em relação à mobilidade?

O poder municipal tem o dever de elaborar o planejamento e realizar investimentos na mobilidade urbana das cidades. A Lei 12.857/2012 instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana no país. Ela atribui aos municípios três responsabilidades-chave à prefeitura, que você não pode deixar de cobrar. Veja a seguir que responsabilidades são essas.

 

Realizar investimentos

O município precisa investir na estrutura viária: construção e manutenção de vias, calçadas, ciclovias e viadutos. Também deve cuidar de terminais e pontos de parada do transporte coletivo. Para obras de maior porte, pode pedir ajuda aos governos estadual e federal.

 

Prestar os serviços essenciais de transporte coletivo urbano

Via de regra, tudo que esteja relacionado à prestação do serviço de transporte coletivo municipal está sob a tutela do prefeito. É bem verdade que o modelo de gestão do transporte coletivo mais adotado no Brasil é o de concessão do direito de exploração do serviço a uma ou mais empresas do ramo.

 

Mas o fato de o sistema ser ofertado por grupos privados não exime a prefeitura de responsabilidade, já que ela continua responsável principalmente por monitorar o serviço dessas empresas. Outras decisões que continuam sendo da alçada do prefeito são a definição das tarifas do transporte coletivo e a concessão de benefícios, como os passes estudantil e para idosos.

 

Planejar e executar a política de mobilidade urbana municipal

Você pode cobrar de seu prefeito o planejamento e a execução de melhorias na mobilidade urbana do município. A lei determina que os municípios com mais de 20 mil habitantes deveriam elaborar e apresentar um plano de mobilidade urbana até o fim de 2015.

 

No fim de 2013, um relatório sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana revelou que, dos mais de 2 mil municípios desse porte no Brasil, apenas 8,5% haviam conseguido finalizar um plano de mobilidade, enquanto outros 14% tinham um plano em elaboração. Por isso, fique de olho: se você mora em uma cidade com pelo menos 20 mil pessoas, procure saber se esse plano chegou a ser elaborado.

 

E o que o prefeito deve considerar ao planejar a mobilidade urbana? É desejável que se atenda à necessidade de democratizar o espaço público. Isso envolve promover e facilitar os meios não motorizados de transporte, como deslocamento a pé e por bicicleta, e favorecer o acesso para idosos, gestantes, e pessoas com algum tipo de deficiência.

 

Veja alguns dos principais pontos que um plano de mobilidade deveria cobrir:

- Promover serviços eficientes de transporte e infraestrutura;

- Integrar aos mecanismos de planejamento urbano e ordenação do uso e ocupação do solo, com vistas a garantir a efetividade do direito à cidade;

- Contribuir para a política climática e energética, reduzindo emissões atmosféricas e promovendo a eficiência no consumo de combustíveis;

 

Confira também algumas propostas que a Política Nacional de Mobilidade Urbana, em seu artigo 23, sugere aos entes públicos:

- Restringir e controlar o acesso e a circulação de veículos em certos locais e horários (exemplo: sistema de rodízio de automóveis);

- Estipular padrões de emissão de poluentes em certos locais e horários;

- Aplicar tributos sobre serviços e modos de transporte (pedágio urbano, por exemplo);

- Dedicar espaço exclusivo para o transporte coletivo nas vias públicas (ex.: faixas exclusivas para ônibus).

 

Capacitar pessoas e desenvolver instituições vinculadas à política de mobilidade

A prefeitura também deve ter pessoal capacitado para cuidar das questões de mobilidade. A maioria dos municípios já conta com uma secretaria de transporte. Os maiores já contam com suporte para monitorar o trânsito das vias permanentemente, além de controle eletrônico de semáforos, entre outras funções. Procure saber se o seu município possui um órgão que cuida especificamente desse tema.


* Artigo originalmente publicado na página Politize


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