"São Paulo precisa de calçadão", diz pesquisador

As ruas da capital não deveriam ser usadas exclusivamente para carros, mas também dar acesso seguro a pedestres e ciclistas

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Italo Nogueira  |  Postado em: 16 de julho de 2012

Kodransky, 31, gerente de políticas urbanas

Kodransky: as ruas são para o pedestre

créditos: Cecilia Acioli/Folhapress

 

As ruas de São Paulo não deveriam ser usadas exclusivamente para carros, mas também dar acesso seguro a pedestres e ciclistas. O excesso de estacionamentos e a falta de área para pedestres tornam a cidade inviável.

 

Essa é a análise de Michael Kodransky, gerente de política urbanas do ITDP (sigla de Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento, em inglês). Em entrevista para a Folha de S. Paulo no domingo (15), Kodransky defendeu medidas como o fechamento da Times Square, em Nova York, para carros.

 

Como era a Times Square antes das mudanças?
Kodransky - Pesquisas mostravam que a maioria dos que usavam o espaço era pedestre, mas a área era ocupada desproporcionalmente por veículos. A percepção é a de que a Times Square nunca tinha sido uma praça. Era um lugar pelo qual os carros passavam. Agora há um espaço público que reflete melhor o seu nome.

 

Qual papel os veículos privados deveriam ter na cidade?
Eles são necessários, já que permitem, por exemplo, a entrega de bens. Mas não é preciso permitir que caminhões circulem pela cidade por qualquer motivo. As ruas não têm o mesmo uso o dia inteiro, e eles podem ser equilibrados.

 

Aqui, o governo diminuiu impostos para carros para aquecer a economia. Como vê isso?
A cidade precisa analisar suas políticas e se há contradições. Se a melhor política é limitar o espaço para estacionamentos, não permitir que a locomoção por carro seja a mais fácil, mas se diminuem os impostos dos carros, há uma contradição.

 

Como avalia o sistema de transporte de São Paulo?
O espaço para pedestres poderia ser melhor. Há muitas áreas onde não se pode caminhar. É necessário um plano para que haja mais calçadões. As cidades mais bem-sucedidas dão prioridade aos pedestres. São Paulo tem também políticas muito liberais para estacionamentos, o que cria uso ineficiente do espaço. É impossível esse volume de pessoas dirigindo.

 

A vida do motorista deve ser dificultada?
O real custo em usar carro não é revelado. A diminuição do imposto incentiva seu uso. Mas o verdadeiro custo em dirigir é o congestionamento, o barulho, a poluição... As pessoas tomam decisões com base no que afeta diretamente seu bolso. Quando você sai de casa, pensa no que é mais conveniente. Se você tem um estacionamento no prédio onde trabalha, você provavelmente vai de carro. Especialmente se é barato dirigir.

 

 

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